Trumbo Filme

Trumbo – Lista Negra

Trumbo tristemente é daqueles filmes que nos esquecemos como foi nos primeiros minutos após a sessão. Felizmente, aquela experiência cinematográfica da viagem no tempo ainda irá entregar ao espectador a doce memória de um personagem tão excêntrico. Isso, além de estarmos falando de Cinema, um assunto sempre agradável (mesmo que nesse caso envolva sua pequena dose de política).

O personagem em questão é Dalton Trumbo, interpretado por Bryan Cranston, famoso pela série Breaking Bad e que aqui consegue uma performance relevante de um roteirista de Hollywood que é forçado a deixar de trabalhar por conta de um boicote realizado nos EUA quando, em plena Guerra Fria, havia um movimento contra todo e qualquer envolvimento com a Rússia comunista, vulgo União Soviética.

Trumbo na época era membro do Partido Comunista americano e ao mesmo tempo o roteirista mais bem pago de Holywood. Suas influências entre colegas e amigos fazia sempre com que ele fosse, de certa maneira, um porta-voz oficial das ideias mais radicais. É importante sabermos disso quando atores como John Wayne (David James Elliott) e atrizes como Hedda Hopper (Helen Mirren) iniciam campanhas contra comportamentos “anti-americanos” e perseguem através da lei todo cineasta envolvido com práticas que lembrem os de seus ex-amigos russos (curioso que cerceamento de liberdade deveria constar como comportamento americano, mas enfim…). Dispensável dizer, Trumbo se torna o alvo principal dessas pessoas, o que faz com que portas sejam fechadas e ele perca o prestígio profissional que havia alcançado.

Mas não sua genialidade, seu humor e sua persistência. E é isso o que o filme quer demonstrar com fatos históricos, como ter ganho dois Oscars através de pseudônimos (que não se sabia ser de Trumbo), além de conseguir manter uma rede clandestina de ótimos roteiristas escrevendo histórias para produtores de filmes ruins, como os irmãos King (momento em que John Goodman faz uma divertida aparição). Isso não impede que sua reputação até como americano seja posta em xeque, o que torna ele e sua família mal-vindos na vizinhança, vítimas de ataques aleatórios de ódio e suspeitas se alguns dos roteiros premiados não estariam vindo de uma “fonte proibida”.

Trumbo Crítica

Aliás, os melhores momentos como drama estão quando há tensão e conflito na família, cuja esposa e filhos são obrigados a orbitar em torno da figura de Trumbo para ajudá-lo a superar a falta de projetos bem-remunerados por uma excessiva carga horária na frente da máquina de escrever, evitando que ele pare até mesmo por dez minutos para o aniversário de sua filha (uma participação breve, mas inspirada, de Elle Fanning). Infelizmente, o roteiro é maniqueísta e constrói personagens muito unidimensionais para que nos importamos com ele.

E é por isso que Trumbo é ótimo entretenimento, nos coloca no tempo e espaço daquela época, mas consegue ser tão esquecível quanto um filme de ação inconsequente. Sentimentos mistos irão ocupar as salas de projeção. Se você gosta de realismo, talvez Trumbo não seja uma experiência muito agradável. Se prefere o água-com-açúcar de filmes que exploram o universo de sua história, aí talvez valha a pena ser inserido nesse mundo (felizmente) distante e esfumaçado.


“Trumbo” (EUA, 2015), escrito por John McNamara, à partir do livro de Bruce Cook, dirigido por Jay Roach, com Bryan Cranston, Diane Lane e Helen Mirren.


Trailer – Trumbo – A Lista Negra

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