por Vinicius Carlos Vieira em 28 de março de 2011

Se no 2010 que passou “Tropa de Elite 2” foi o grande campeão de bilheterias do ano, seria até fácil achar que o mercado de filmes brasileiros está em alta, ledo engano. Com uma média de quase um lançamento por semana, o cinema no Brasil ainda é refém de um circuito extremamente fechado de salas, onde quem tem um grande nome por trás, ganha os multiplexes dos shoppings e quem não tem, desaparece até chegar às locadoras. É lógico que isso acontece muito em parte a um numero alto de produções de baixa qualidade (é duro, mas é verdade), mas, talvez, ocorra muito mais graças à baixa qualidade das produções mediana e “VIPs”, talvez seja um exemplo ser seguido.

A estreia de Toniko Melo na direção de um longa (tendo dirigido alguns episódios série de TV “Som e Fúria”) não deve estourar nas bilheterias, mas deve fazer isso com a certeza de alcançar seus objetivos de jeito justo e sincero, sem nenhum tipo de hype por trás, nenhuma produção cara e, apenas, muita vontade de contar uma história interessante. Bom, a presença do astro Wagner Moura, muito provavelmente, até dê uma baita ajuda, mas ainda assim o resultado só é tão aprazível graças ao interesse que o espectador acaba tendo por essa trama.

Nela, Bráulio Mantovani (que já foi até indicado ao Oscar por seu roteiro de “Cidade de Deus” e é também conhecido pelos textos dos dois “Tropas de Elite”, entre outros) e Thiago Dottori contam a história de Marcelo Nascimento da Rocha, que ficou famoso por ter se passado pelo herdeiro da empresa de aviação Gol durante um carnaval em Recife tendo chegado até a dar entrevistas como o mesmo e se aproximado de um monte de famosos. Na verdade, de acordo com o diretor Toniko Melo (em várias entrevistas, para vários meios) a história nasceu daí, e foi crescendo até se transformar uma segunda vez quando o livro homônimo foi lançado, e muitas partes dele foram absorvidas pela sua história.

Portanto, entre a realidade e a ficção, Melo, e sua dupla de roteiristas, fazem a sua versão, tentando responder, justamente, o que aquelas duas jovens no começo do filme se indagam quando um desconhecido desce de helicóptero no meio de um hotel: “Quem é esse cara?”

“VIPs” volta então seis anos para acompanhar esse jovem Marcelo (Wagner Moura), descobrindo que, talvez, o melhor jeito de conseguir atingir o sonho de se tornar piloto (como o pai) seja não ser ele mesmo, mas sim alguém que se encaixe melhor naquele ambiente, qualquer que seja ele. Nessa história, Marcelo acaba indo de encontro a um grande traficante de drogas, onde se torna seu melhor funcionário, levando seus carregamentos sobre a fronteira do Brasil, e culmina durante o carnaval, onde sua figura acabou se tornando conhecida.

E por mais que toda essa trama pareça predestinada a um fim trágico, é com um cuidado interessante que Melo faz, com até um certo bom humor, essa viagem, esse estudo de personagem, que não só confia plenamente nele e em sua história, como o faz com uma enorme preocupação de não cair no lugar comum de um anti-herói qualquer, mas sim de uma vontade de apresentar para o espectador alguém complexo, que até acaba se tornando trágico lá para o fim, mas sem nunca usar isso de muleta dramática.

Melo parece à vontade com esse protagonista que, mesmo se mostrando um enorme vigarista, acaba em momento nenhum prejudicando ninguém à sua volta, o que facilita que, no escuro do cinema, todos acabem, se não perdoando toda situação, pelo menos entendendo bem suas motivações.

Mas o show mesmo está nas mãos de Wagner Moura, completamente seguro em seu personagem, complexo e verdadeiro, fazendo um trabalho mais impressionante ainda ao se perceber o quanto, durante todo o filme, seu Marcelo cresce, muda e sofre, sem, em nenhum momento usar de qualquer atalho ou subterfúgio para chegar nesse resultado.

“VIPs” não é grandioso, na verdade faz apenas sua lição de casa, não se amarra em nada a não ser a trama que se predispõe a seguir e com isso faz ser difícil que, quem pague o ingresso, saia do cinema sem achar que seu dinheiro foi bem gasto.

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idem (Bra, 2011), escrito por Bráulio Mantovani e Thiago Dottori , dirigido por Toniko Melo, com Wagner Moura, Juliano Cazarré, Amiliano D´Elía, Gisele Fróes, Juliana Cazarré.

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5 Comentários. Deixe novo

  • gente esse filme parece ser muito interessante
    tambem ne com wagner moura… pra mim o melhor ator dos ultimos tempos

  • vinicius r1
    04/05/2011 18:06

    estou fazendo um trabalho de faculdade sobre eeste filme e gostaria de saber a opniao de alguem sobre SER X TER qem foi ele e oque ele conseguiu alem de modar de personalidade ..??/

  • Vinicius Carlos Vieira
    15/04/2011 11:00

    Danilo, era, mas como isso é uma espécie de surpresa (vulgo spoiler) é melhor não tocar no assunto…. e obrigado pelos “parabéns”, espero que você apareça sempre por aqui….

  • Mas o pai dele não era imaginário?
    Abço e parabéns pelo site!

  • FILME MUITO INTERESSANTE, RECOMENDO

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