Wall-E Filme

WALL-E | Um robô que entra para a história

Se você escutar alguém saindo do cinema falando que Wall-e é o melhor filme do ano, fique sabendo que talvez ela não esteja exagerando. Essa nova animação da Pixar cumpre seu papel de tal jeito que vai ser fácil daqui a muitos meses essa afirmação continuar verdadeira.

A grande verdade é que o pequeno robozinho que passa seus dias entulhando o lixo deixado na Terra quando seu habitantes já fugiram para o espaço em um grande nave, tem todas ferramentas para ser o grande elo entre o desenho (no termo pejorativo) e a animação. Isso nos Estados Unidos, já que o resto do mundo já descobriu isso faz tempo.

A começar pela trama, que em nenhum momento tenta ser bonitinha para a criançada e profunda para os pais acompanhantes nas sessões dubladas, Wall-e vai fazer até o menor dos espectadores dar de cara com uma lição profunda em um filme mais profundo ainda. Repleto de camadas para serem descascadas.

O pequeno robô enquanto entulha tudo, junta lembranças de uma humanidade esquecida, onde uma simples lâmpada ainda inteira é um achado quase arqueológico. Em um pequeno “contêiner” Wall-e junta todo isso enquanto vê repetidas vezes um VHS de “Hello Dolly” ligado a um iPod, como se todo tempo tivesse parado e toda tecnologia não tivesse mais idade. Tudo isso é quebrado com a chegada da robozinha EVA, e assim o amor na vida do pequeno robô.

Durante mais da metade do filme, corajosamente, o diretor Andrew Staton faz um filme mudo, onde as palavras vem apenas dos barulhos robóticos criados por Ben Burtt, pai (e designer de som) de vozes com a do E.T. e das criaturas e droides de Star Wars (sem esquecer o “wuuush” dos sabres de luz), e é nessa momento que se começa a enxergar toda beleza do filme. Uma beleza lírica com uma narrativa sem medo de não agradar a ninguém, mostrando por que cineastas como Charles Chaplin “teimavam” contra o som, como se aquilo pudesse tirar a atenção das imagens, coisa que cada vez mais vem acontecendo.

Em quarenta minutos sem palavras, Wall-e conta mais história que metade dos Blockbusters do verão americano juntos. Sem uma linha de diálogo sequer, a dupla de protagonistas, e ainda uma baratinha que acompanha o herói, ganham traços de personalidades tão fortes que é quase impossível não se identificar com eles, e com isso não se emocionar com uma inocência que vai fisgar a todos.

 Se essa primeira parte do filme, onde EVA mostra um novo “universo” para Wall-e, “acende” sua lâmpada e “resolve” seu cubo mágico, é uma história de amor, que provoca suspiros na plateia, a outra parte, faz o robozinho conhecer agora o universo, literalmente, indo de encontro com a humanidade em sua nave. Lá, Wall-e passa a participar de uma aventura para recuperar seu grande amor, e ainda por cima levar de volta a “humanidade” para pessoas, e ainda apresentá-la para uma nova gama de robôs.

É lógico que para a trama dar certo ainda se precisaria de um vilão, e ai entra em cena um robô que controla toda nave de um modo quase onipotente, onipresente e onisciente representado por uma luz vermelha e arredondada, que só quer manter o Status Quo (alguém falou em Hall 9000?). Mas talvez o mais importante é que não se cria uma trama para apresentar bichinhos bonitinhos e robôs coloridos para venderem na saída dos cinemas, toda história é centrada na dupla de protagonistas, nada de coadjuvantes engraçadinhos, até o grande vilão praticamente não tem uma aparência física vendável, apenas uma 30 Dias de Noite necessária para contar a história.

E impressão que se tem é exatamente essa, de uma história forte contada com um requinte visual diferenciado das outras animações coloridas e pulsantes. Da cara de sucata do simpático Wall-e às linhas limpas e arredondadas de EVA, o visual criado pela equipe da Pixar é de encher os olhos como poucos já fizeram. Tudo tem uma identidade visual forte e marcante, que condiz com todo resto ao seu redor, e cria uma unidade importante para um andamento perfeito do filme. Para fechar, uma iluminação que não tem medo de ser real, de iluminar tudo de uma jeito as vezes até sombrio, mas com uma veracidade incrível.

Wall-E não dá a impressão de ter sido feito para um público específico, seja a criança seja o adulto, mas sim para que todos tenham as mesmas experiências. Não um filme infantil com uma subtrama menos infantil para os adultos, nem mesmo apostando em enche-lo de referencias pop, por mais que elas existam ao montes. Desde a menor das crianças até os mais velhos adultos vão entender todas lições do filme, tudo que ele tenta passar e vai emocionar a todo mundo que resolver passar um tempo ao lado desse, que provavelmente, tem toda força para se tornar o robô mais querido da história do cinema


Wall-e (EUA, 2008) escrito por Andrew Staton e Jim Capobianco, dirigido por Andrew Staton, com Fred Willard e vozes de Ben Burt (designer de som), Sigourney Weaver e Jeff Garlin


2 Comentários. Deixe novo

  • sabrina ferreira
    22/09/2011 14:28

    esse filme e mto bom ele diverte qualquer idade 😉

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