Acabou-se o suspense, o vigésimo primeiro filme do agente mais charmoso e mortal do cinema dá as caras, 007- Cassino Royale chega como uma promessa de dar um novo fôlego a série. E consegue.
A primeira a grande discussão do filme aconteceu com o anuncio de que Pierce Brosnan, que para muitos era o melhor dos Bonds, não viveria mais o agente. As especulações começaram, e mesmo ao fim, com a apresentação de Daniel Craig (de Munique) para o papel, elas não acabarem e os fãs esbravejaram palavras de ódio. “Ele é muito baixo”, “onde já se viu, ele é loiro”, “mas o cara é feio” e por ai foi, mas de tudo isso sobrou uma garantia (e a hora que você sair do cinema, vai concordar comigo): Craig é o homem para o papel, desde já se tornando um dos melhores Bonds e, provavelmente, só perdendo para Sean Connery.
O novo ator desbanca o resto com umúnico fator: o fator qualidade, que faz com que seu 007 seja novo e único, criando um personagem forte, charmoso, cheio de nuances e mais que qualquer coisa, humano. Como nenhum outro foi.
Essa humanização do personagem não veio sem querer, o próprio roteiro escrito por Paulo Haggins (que ganhou o Oscar por Crash), aqui em parceria com Neal Purvis e Robert Wade, mostra o agente em seus primeiros dias como “00” (com licença para matar). Cheio de dúvidas, ainda sem toda a classe e estilo dos outros filmes, meio cru, cometendo erros, agindo com o coração, querendo mostrar serviço e levando às últimas conseqüências a tal licença. Isso mesmo, James Bond passa por cima de tudo e todos sem muita pena. E Daniel Craig se encaixa perfeitamente nisso tudo, com muita versatilidade cria um James Bond que não fica nada atrás de nenhum desses outros agentes atuais do cinema e da TV.
Um personagem sem frescura, mas no qual você acaba se apegando. Que não está sempre composto e pronto para mais um dry-martini, mas sim se sujando, ficando cansado, apanhando e até se apaixonando. Uma presença próxima de nós mortais e isso não tem preço.
Baseado no primeiro livro do agente, escrito por seus criador Ian Flemming, o filme é um banquete para os fãs, ali na sua frente você realmente vê a gênese de um mito, como tudo começou, seu primeiro Aston Martin, seu primeiro coquetel, seu primeiro “Bond, James Bond”, seu primeiro vilão, sua primeira paixão e sua primeira execução.
Mas não espere tudo isso naquela velha embalagem, o diretor Martin Campbell (que já tinha assinado Gondeneye) coloca o filme com os dois pés no chão, nada de pulos de avião, carros na água e as famosas geringonças, mas sim um filme de tirar o fôlego. Literalmente. A seqüência da primeira perseguição à pé é algo que já vai ficar para história da franquia, mostrando o quanto Campbell sabe criar cenas de ação fortes e inesquecíveis.
O diretor ainda não tem medo de transformar 007 – Cassino Royale no filme mais violento da série e,logo de começo, em uma visualmente belíssima sequencia em preto e branco, sem pestanejar, o diretor faz o agente espancar um vilão e ainda atirar a sangue frio em outro, como um cartão de visita do que se pode esperar no resto do tempo. E talvez, o melhor de seu trabalho seja não perder o rumo, mesmo enquanto o filme não esta acelerado, sem esquecer em nenhum momento que tudo se trata, na verdade, de um filme de espionagem. O que lhe deixa optar, então, por movimentá-lo por um suspense que não se perde em reviravoltas fúteis, ao mesmo tempo que ganha em ritmo.
Mas e o vilão? Se um filme do 007 que se preze tem que ter um vilão a altura, aqui ele não faz nada feio. Interpretado por Mads Mikkelsen, Lê Chiffre, é um tipo de banqueiro de grandes traficantes e criminosos, e só isso já o desponta dos outros vilões da série: nada de dominar o mundo, ele só quer sua parte nos juros. Um sinal dos tempos, onde o dinheiro fala muito mais alto.
Das caras mais conhecidas, a única que volta é a de Judi Dench como M, em mais um ótimo trabalho, assim como, para os mais afixionados, ainda ficar a impressão de deja vu com o agente da CIA Felix, recorrente de alguns filmes da série, mas pela primeira vez representado por um negro, o ótimo Jeffrey Wright, em uma pequena, mas ótima participação.
007 – Cassino Royale é um ótimo jeito de apresentar o personagem para uma nova geração e, com certeza, vai ser um tiro na mosca para quem já é fã.
idem (EUA, 2006) escrito por Neal Pervis, Robert Wade e Paul Haggis, dirigido por Martin Campbell, com Daniel Craig, Eva Green, Judi Dench, Mads Mikkensen.
3 Comentários. Deixe novo
[…] é ainda o quinto e último estrelado por Daniel Craig, que estreou no papel em 2006 no aclamado Cassino Royale. Em Sem Tempo Para Morrer, Bond acaba interrompendo a sua aposentadoria após um pedido de seu […]
[…] que o filme se propõe a carregar. Christoph Waltz (de Bastardos Inglórios) e Mads Mikkelsen (de Cassino Royale), aqui como o Cardeal e seu braço direito Rochefort, parecem mais do que nunca terem nascido para […]
[…] história do cinema, 007- Quantum of Solace só consegue ser uma continuação de seu antecessor Cassino Royale, deixando a clara impressão de, na verdade, nem ao menos se propor a nada além disso. Quantum of […]