Quando um filme que custou pouco mais de sete milhões de dólares, com um diretor estreando no cinema e sem grandes estrelas para carregar o público as salas de cinema, mesmo assim faz um baita sucessso nas bilheterias, é sinal de que, pelo menos, alguma coisa de interessante ele tem. 500 Dias com Ela não tem só uma, mas várias.
Marc Webb, o tal diretor estreante vindo de uma carreira bem pop por trás de vários videoclipes, tem sucesso naquilo que filme atrás de filme tenta, mas não parece ter coragem de conseguir: fazer uma comédia romântica sobre um relacionamento amaroso e não sobre um final apoteótico com os dois personagens declarando seu amor ao fim do filme. Webb não faz nada que ninguém nunca tenha feito, mas simplesmente tem a sensibilidade suficiente de lembrar que dentre todas histórias de amor bonitinhas e bem sucedidas uma porrada delas da errado.
Se o número do título mostra o tempo que Tom (Joseph Gordon-Levitt) teve Summer (Zooey Dechanell) em sua vida, para o espectador, representa o fim anunciado daquilo que poderia ser uma linda história de amor. Na verdade nem tão linda assim, já que desde o primeiro momento, Webb parece fazer questão de deixar claro todo um clima disfuncional que irá carregar aquele casal até aquele banco de jardim do dia 500.
E é por meio dessa “contagem regressiva” que a história tem um de seus maiores acertos, já que consegue posicionar o espectador tão bem dentro da trama que lhe permite ir e voltar no tempo, da depressão ao extase, brincando a todo momento com o paradoxo no qual o relacionamento deles se torna. Webb desconstroi o clichê para poder mostrar o quanto uma história pode mudar em um curto período de tempo, além de deixar interessante uma história que se linear talvez se tornasse comum.
Um jeitão de contos de fadas moderno, com uma narrador em off e tudo, faz mais ainda que 500 Dias com Ela se torne um experiência agradabilíssima, leve e divertido, já que durante todo filme o espectador é presenteado com um humor sutil e confortável, muito bem encaixado na linha narrativa e que em nenhum momento tenta roubar a cena, como se ele estivesse ali apenas para florear aquela trama, assim como vários outros ótimos momentos onde o filme se dá ao luxo de poder brincar com toda linguagem, mostrando não só uma segurança do diretor como da dupla de roteiristas Scott Neustadter e Michael H. Weber.
Se em um período mais escuro desses 500 dias Tom acaba se enxergando dentro do próprio filme que está vendo, fazendo uma bela homenagem (e mostrando que o diretor fez bem sua lição de casa) a um cinema que hoje parece meio esquecido (infelizmente dei risada sozinho nessa parte), durante todo resto do filme é possível enxergar um belo monte de outras citações que vão divertir desde o menos experiente na sétima arte até o mais cinéfilo. Mas talvez a sequencia onde o mesmo personagem divide aquele mundo (tela) em “realidade” e “expectativa” vá marcar muito mais o filme, até por que, mesmo partindo de um premissa simples, cria algo marcante, tocante e impressionante.
Talvez seja ali que Webb mostre mais perfeitamente por que faz questão de começar o filme falando que aquela “não é um história romântica”, já que as vezes, quando sobra só a realidade, muitas vezes ela não é tão agradável. Logo depois dá ao personagem a oportunidade de desenhar seu próprio cenário, apagá-lo até, mas ficar parado diante daquele vazio, como se descobrisse que não consegue controlar aquele mundo a sua volta, mesmo com uma “ajuda” externa.
Webb então dá um soco na boca do estômago não só daquele cinema que prefere seguir a tela da esquerda, da expectativa, como também de todo cinema, e por isso, 500 Dias com Ela vai conquistar o público com seu jeitão indie e seus personagens simpaticos, vai fazer o público querer ser uma deles e viver aquela história apaixonante, coisa em falta nesse cinema atual que prefere se distanciar de qualquer emoção.
500 Days of Summer (EUA, 2009) diretor: Marc Webb com: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Dechanel
4 Comentários. Deixe novo
[…] uma história pelo simples fato dele ser o narrador daquela história? Outro caso de manual é do (500) dias com ela. Gosto bastante dessas histórias de amor contadas de um jeito não convencional. E assim como a […]
[…] MPDG também representa uma falta de compreensão quanto ao rótulo. Na comédia romântica indie (500) Dias Com Ela, a atriz vive Summer Finn, por quem o protagonista, Tom Hansen (Joseph Gordon Levitt) se apaixona. […]
Adoro esse filme! Acho mto bonitinho, engraçado, mto bem feito…
Já assisti 2x, e está na minha shoplist de Blu-ray’s…
Seguindo o blog!! Bem legal!