Rock of Ages

É lógico que um musical que tenta levar ao cinema uma história regada ao melhor e mais farofeiro rock do anos 80 já sai na frente em termos de simpatia, e Rock of Ages tem completa noção disso. O problema é que entre as canções ainda é preciso ter uma história.

Nesse caso, uma história simples e ingênua demais, que se fragiliza mais ainda ao se dividir em quatro arcos distintos, mas que passam por essa casa de shows na Sunset Strip de Los Angeles, a Bourbon Room. A Boate é administrada por um velho roqueiro (Alec Baldwin) e um ajudante esquisitão (Russel Brand, cada vez mais se tornando o Jar Jar Binks de qualquer filme que participa), e contam com o sucesso do último show de uma famosa banda (fictícia), Arsenal, antes que seu astro, Stacee Jaxx (um divertido Tom Cruise) siga em carreira solo.

Tudo isso, como pano de fundo dessa história de amor entre os dois jovens sonhadores, Drew Boley (Diego Boneta) e Sherrie Christian (Julianne Hough, de “Footloose) que chegam à cidade para perseguir o sonho de virarem estrelas da música. Em algum lugar ainda sobra espaço para uma carola primeira dama (Catherina Zeta-Jones) que tenta acabar com o rock “do demônio” (e que tem uma reviravolta obvia graças uma “dica” do personagem de Brand…que além dele próprio ainda destrói os personagens ao seu redor).

Mas como é de se esperar, Rock of Ages é um musical. Então tudo isso ai de cima serve de desculpa para que todos esses personagens cantem algumas das mais conhecidas musicas do rock´n roll dos anos 80. Melhor ainda, de modo cuidadoso e esforçado, não só as músicas dão um ótimo ritmo ao filme, como casam perfeitamente com toda situação. Isso enquanto é tudo festa, acordes altos e diversão, mas que acaba se esvaindo pelos próprios dedos do diretor Adam Shankman (que também é creditado como coreógrafo, não muito inspirado e repetitivo) que permite que o filme caia em um ritmo melancólico e pouco interessante quando tenta desenvolver a história.

Rock os Ages começa cheio de estilo, com muita música e um clima delicioso que não se leva à sério e combina perfeitamente bem com todo clima oitentista do filme. Tirar isso e pedir para o espectador continuar se divertindo com motivações rasas (como o desencontro entre o casal principal, por exemplo) e piadas pouquíssimo inspiradas (como todas que saem da boca de Russel Brand… mais uma vez ele) é injusto com toda boa vontade de quem está naquela sela de cinema.

Rock of Ages Filme

E por mais que nesse segundo momento, mais calmo, o rock (farofa, mas ainda assim um pouco mais romântico) continue lá, é impossível se importar com tudo que está acontecendo com os personagens. Tanto pela falta de surpresas quanto pelo descontrole do roteiro, que se sente obrigado a passar por todos arcos antes de voltar ao casal principal, o que torna tudo um pouco arrastado demais. Ainda mais quando isso não tem importância nenhuma para o espectador, que a essa hora está mais é afim de um outro clássico do rock do que de qualquer outra coisa.

Por outro lado, ainda que possa parecer exagerado colar um número musical ao outro, são justamente esses momentos (principalmente no começo) que acabam sendo o ponto alto do filme, principalmente com um bom humor cínico que acompanha momentos como o da protagonista cantando Just Like Paradise entre prostitutas e punks.

E entre um elenco pasteurizado e que parece se divertir muito mais do que tentar fazer um trabalho consistente (talvez apenas Tom Cruise se esforce para criar essa fusão estereotipada que condensa a personalidade de vários roqueiros da época), Rock of Ages ainda peca ao tentar ser “chapa branca” demais e esquecer o sexo e as drogas (esbarra ainda em um homossexualismo que podia ser muito mais divertidamente trabalhado… e só não funciona melhor graças a Russel Brand?). Mas tudo isso serve para escutar boa música e lembrar a todos o quanto o rock nos anos 80 era muito mais divertido e muito mais “rock” do que o de hoje.


Rock of Ages(EUA, 2012) escrito por Adam Shankman, dirigido por Justin Theroux, Chris D`Arienzo e Allan Loeb, comDiego Boneta, Julianne Hough, Tom Cruise, Alec Baldwin, Russel Brand, Mary J. Blige, Bryan Cranston, Catherine Zeta-Jones e Paul Giamatti.


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1 Comentário. Deixe novo

  • Gostei da crítica, mas divirjo completamente quando você afirma que “[as músicas] casam perfeitamente com toda situação”.

    O que dizer quando ela canta para ele I’ve been waiting for a girl like you? Mesmo! Ou do uso de More than Words em um momento que o relacionamento dos dois parecia ir de vento e popa?

    Enfim, achei forçado demais muitos números musicais (e não teria como todos funcionarem bem na abordagem compartilhada adotada pela montagem).

    Abraços.

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