Para quem não ligou o nome à pessoa, Seth MacFarlane é o mesmo cara que surgiu com uma série que parecia copia de Os Simpsons e tornou-a um fenômeno que hoje rivaliza com a própria família de Springfield (e não faz feio). A série é Family Guy (no Brasil Ted Filme posterganhou o título de Uma Família da Pesada) e seu primeiro filme como diretor, Ted, é, praticamente, uma evolução dessa ideia.

E bem longe disso não ser um elogio, muito até pelo contrário, já que MacFarlane se mostra confortável com essa ideia caótica e não decepciona, tantos seus fãs, quanto quem for novato. Logo de cara, é impossível não relacionar o próprio Ted do título, um urso de pelúcia cheio de (…digamos assim) personalidade, com o cachorro Brian e o bebê Stewie (e por que não com o ET Roger de outra série dele, American Dad): personagens que arrancam o espectador daquela realidade.

“Ted” poderia então ser sobre um rapaz (Mark Wahlberg) que precisa se distanciar do melhor amigo (Ted) para que sua noiva (Mila Kunis) o aceite, uma história que faria sentido e teria espaço para boa parte das piadas que estão no filme, mas seria comum. Já quando o tal “melhor amigo” é um urso de pelúcia “bonitinho”, mas que parece ter se enchido de toda “fofura”, o espectador ganha uma experiência nova e inesperada. Assim como permite que MacFarlane ultrapasse qualquer limite politicamente correto, afinal, é um urso de pelúcia.

O diretor ainda ganha a companhia no roteiro de outros dois “comparsas” seus, Alec Sulkin e Wellesley Wild (ambos de Uma Família da Pesada), o que permite que os três construam uma história econômica (e coerente), que não desperdiça nenhuma situação e, ainda por cima, não “perdem a mão” de um tipo de humor cínico (e difícil). É lógico que apelam vez ou outra para algum tipo de flatulência, mas na enorme parte do tempo não fazem a mínima questão de que o espectador dê risada de uma gag, mas sim do absurdo daquela situação toda.

A economia do roteiro não permite que o filme chateie em nenhum momento, mesmo rumando para algumas conclusões esperadas, se deixando levar então por um ritmo movido a piadas, ofensas e outras verborragias que sempre parecem ganhar um peso maior vindo da boca do urso (o que acaba sendo a grande arma do filme, obviamente). Portanto, se depois de “um pouco de magia” para contar a origem da amizade desses dois personagens, Ted é reapresentado segurando um bong (espécie de “purificador” usado para fumar maconha), a mensagem de MacFarlane é bem clara: não se preocupe que nada precisa fazer sentido.

Ted Flme

Ainda seguindo o mesmo estilo de suas séries, MacFarlane não poupa uma gama enorme de coadjuvantes engraçadíssimos que povoam Ted e criam um cenário mais absurdo ainda, o que faz parte daquele esforço de não desperdiçar um só momento. Junto disso, ainda há algumas ótimas referências pops (que quem conseguir captar a maioria vai morrer de rir) e até uma ou outra intervenção visual pirada (em forma de flashback), receita que dará ao espectador tudo aquilo que mais faz sucesso em “Uma Família da Pesada”, só que em um produto novo e diferente. Um verdadeiro prato cheio para o fãs.

Mas não se engane Ted, sobre qualquer outra coisa, é mesmo uma fantasia infantil com uma bela lição de amizade no fim, mas também sobre um urso de pelúcia maconheiro, Flash Gordon, um casal formado por Ryan Reynolds e (o sempre engraçado) Patrick Warburton e medo de trovões.


Ted (EUA, 2012) escrito por Seth MacFarlane, Alec Sulkin e Wellesley Wild , dirigido por Seth MacFarlane, com Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth Macfarlane (voz), Joel McHale, Giovanni Ribisi, Patrick Wartburton e Jessica Barth.


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