Não costumo escrever sobre séries, mas True Detective é realmente excepcional, e se você vê-la e não achar isso é por que não estava preparado para aquilo. Uma história completa, uma trama que funciona, e um punhado de nuances que colocam essa temporada no topo da cadeia alimentar dos filmes de serial killers.
True Detective tem um pouco do incomodo de Seven, da frustração e do beco sem saída de Zodiáco e Memórias de um Assassino e ainda o ritmo de O Caçador, e tudo isso com as duas incríveis atuações de Matthew McCougney e Woody Harrelson (destaque para a composição de personagem do primeiro, que cria um daqueles caras que será lembrado para sempre por quem conhecê-lo)
E sim True Detective é um filme de oito horas. É lógico que tem sua estrutura episódica e seus cliffhangers, mas trata o espectador com tamanho respeito e inteligência que é impossível encará-lo como uma “simples série”. É óbvio também que se fosse um filme do modo corriqueiro de se pensar o Diretor Cary Jogi Fugunaga talvez tivesse mais liberdade para fazer algo menos “by the book”, mas ainda assim ele povoa essas oito horas com um suspense que te afunda na poltrona/sofá em vários momentos e ainda (na cereja do bolo) um plano sequencia impressionante no final de um dos capítulos.
Por fim, descobrir que Nic Pizzolato (criador) partiu da ideia de fazer uma série em forma de antologia é mais inspirador ainda, já que mostra o quanto ele teve cuidado em fazer uma primeira temporada precisa, mas sem se preocupar com o que vem depois em termos de gancho. Talvez uma segunda temporada não seja sobre nenhum personagem dessa, ou nem se passar na mesma região movida por pântanos, religiosos e calor, mas é indiscutível que nessa tudo isso foi irretocável.
O maior reflexo dessa preocupação é o final que (com o perdão da repetição), finaliza tudo. Não há espaço para pontas soltas ou outras motivações (aparentes), e ainda que tudo continue em um segundo momento, ninguém poderá reclamar de que a temporada não acabou, e isso é importantíssimo se a ideia é fazer uma temporada de cada vez.
E o maior sinal disso talvez seja o depreendimento com a estrutura não linear da maioria da série, como se Fugunaga e Pizzolato soubessem do que exatamente cada capítulo da série necessita. Enquanto o espectador pode acompanhar essa história em dois momentos temporais diferentes, ok, mas na hora que é necessário deixar isso para trás e viver no presente, True Detective o faz e mostra que não é refém de estrutura nenhuma. O que é sinal de que em uma segunda temporada nem a estrutura, nem os personagens, nem as história precisa ser a mesma.
Nada precisa ser igual, contanto que a única preocupação seja mesmo manter o nível, e pelo que se viu nesse primeiro momento, a série tem todas ferramentas para o fazê-lo. Repetir o sucesso, capturar minha atenção mais uma vezes e em uma segunda oportunidade eu voltar a escrever sobre séries.
2 Comentários. Deixe novo
Com este novo elenco de True Detective 2 eu decidi ver o show a partir do zero, sem comparar, porque eu acho que É o que os diretores querem nos oferecer e certamente será um sucesso
Com uma produção e elenco desse nível so poderia resultar em uma série desse nível. Na minha opinião a melhor no gênero atualmente. Imagina se fosse apresentada no ambiente de cinema!