O Ultimo Ato Filme

O Último Ato

Al Pacino é um dos grandes atores do nosso tempo e das décadas de ouro do Cinema norte-americano, com descobertas de grandes diretores como Francis Ford Coppola, Oliver Stone e Martin Scorsese. O Último Ato PosterEsse fato não pode passar batido de O Último Ato, em que ele interpreta Simon Axler, um ator no início de sua decadência. Lá pelos seus 60 anos, Simon não consegue mais se lembrar de suas falas no palco e em uma crise nervosa se lança para a plateia, colocando um fim temporário em sua carreira.

O diretor Barry Levinson também fez alguns trabalhos de destaque nos anos 80, como Rain Main e Bugsy. O primeiro, com Dustin Hoffman como um autista com capacidades impressionantes de cálculo com números, lembra um pouco o personagem de Al Pacino no sentido de que agora que sua carreira está em pausa as pessoas apenas lembram de seus grandes trabalhos como ator, mas sua vida pessoal é um completo caos e não parece haver nada que Simon faça que a melhore. Na verdade, é no caos que ela começa a ficar um pouco mais interessante quando reencontra sua afilhada, Pegeen (Greta Gerwig, do ótimo Frances Ha), e desenvolve um esperado relacionamento amoroso (Pegeen nutria um romance platônico de longa data com seu padrinho).

Levinson então não tem pressa em desenvolver a história de Buck Henry e Michael Zebede, baseados no romance de Philip Roth, e acaba tornando o que poderia ser uma grande farsa dramática em um romance quase leve. O que o impede são situações incomuns que são encaradas como bizarras, sendo que se o bizarro fosse o padrinho se enamorar da afilhada mais de 30 anos mais jovem, isso já aconteceu. Não é a ex-namorada que trocou de sexo que vai tornar as coisas piores. Nesse sentido, o roteiro tem passagens equivocadas que não acrescentam em nada ao filme, embora sirvam de estopim para a já esperada crise do casal.

É nessa fase que a participação de Greta Gerwig é primordial em realizar tudo o que uma de suas ex ameaçava por telefone para Simon, de forma que sua simples presença na casa praticamente intocada de Simon acaba se tornado um incômodo invisível, pois é apenas pelas sucessivas conversas dele com seu psiquiatra que conseguimos entender a influência que a moça vai tomando em sua vida.

O terceiro ato, contudo, consegue se destacar por completo do resto do filme, pois apresenta um interessante comparativo do romance de Simon com o que aconteceu com uma mulher que ele conheceu no instituto psiquiátrico (Kyra Sedgwick) durante sua recuperação e que desde então tem tentado persuadi-lo a matar seu marido. Na verdade, parece que a história inteira ganha novos contornos que não podem ser negados, e até os delírios de Simon, quando este não consegue distinguir realidade de ficção.

Quando chegamos no “último ato” do título brasileiro, o que se apresenta é uma performance admirável de Al Pacino, que parecia se conter até o momento, e realiza uma rima interessante com seu contemporâneo Birdman. No fundo, o próprio conceito de ambos os filmes parece revelar uma preocupação atual com a dualidade entre o real e o imaginário na arte, principalmente o Cinema, e como o faz-de-conta enlatado do segundo muitas vezes enfraquece o primeiro. Felizmente, temos trabalhos como esse para nos lembrar que a arte muitas vezes transcende a vida e a enriquece.


“The Humblimg” (EUA, 2014), Escrito por Buck Henry e Michael Zebede, à partir da obra de Philip Roth, dirigido por Barry Levinson, com Al Pacino, Greta Gerwing, Charles Grodin, Kyra Sedgwick, Dianne Wiest e Dylan Baker


Trailer – O Último Ato

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