Voando Alto Filme

Voando Alto | A história real de um sonho

Contando a história real do britânico Eddie “A Águia” Edwards, Voando Alto é um filme otimista, leve e inspirador — tudo isso sem ser pedante, e nos apresentando a um protagonista encantador que, diante das mais variadas adversidades, simplesmente se recusa a desistir.

Desde criança, Eddie Edwards sonhava em competir nas Olimpíadas — e uma lesão no joelho não alterou em nada seus objetivos de participar dos jogos em categorias como “segurar a respiração”. Eddie buscava se superar e conquistar um lugar entre os melhores atletas da Inglaterra, não importava em que categoria. Assim, com o passar dos anos, o garoto tentou se encontrar em diversos esportes, mas sem muito sucesso.

A solução? Voltar-se para as Olimpíadas de Inverno. Depois de não ser escolhido para a equipe de esqui alpino, Eddie (Taron Egerton) descobre uma oportunidade de ouro no salto em esqui, categoria em que nenhum inglês competia há seis décadas. No centro de treinamento, na Alemanha, Eddie treina com afinco e conhece o ex-atleta Bronson Peary (Hugh Jackman) — que, mesmo inicialmente relutando, aceita treiná-lo para as Olimpíadas de Calgary, no Canadá, em 1988.

Eficiente ao demonstrar a força do sonho de Eddie desde sua infância, o longa é, também, divertido ao trazê-lo colecionando seus pares de óculos quebrados durante seus treinos na lata, inicialmente, reservada para suas medalhas olímpicas. E é esse misto de inspiração e leveza que permeia Voando Alto — e, apesar da simplicidade da sua história e do fato de que não há, exatamente, novidades nela, o filme funciona muito bem por ser simplesmente impossível não torcermos por Eddie.

E “torcer”, aqui, não tem o sentido de querer que ele suba ao pódio para receber uma medalha em Calgary — e esse também não é o objetivo do protagonista. Desejamos apenas que ele consiga realizar seu sonho de participar das Olimpíadas e que possa divertir-se enquanto isso; para Eddie, o esporte foi sempre sobre a sensação de auto-superação e liberdade. Para comprarmos tudo isso, claro, o trabalho de Taron Egerton é essencial. Construindo Eddie como um rapaz carismático, frágil e com um jeito perfeito de underdog, Egerton traduz com excelência a tenacidade e a determinação de Eddie, que, mesmo em meio a risadas e palavras de desencorajamento, jamais se considerou um “perdedor”, em qualquer sentido da palavra.

Em certo momento, ao conversar com os mais experientes esquiadores do centro de treinamento alemão, Eddie declara que pratica salto em esqui há apenas um dia — ao que os demais reagem com risadas de deboche. Imediatamente, sem hesitar, Eddie responde: “Eu sei, e já estou nos 40m!”, recusando-se a deixar de se impressionar com sua própria garra. Hugh Jackman, por sua vez, forma uma ótima dinâmica com seu companheiro de tela, fazendo de Peary alguém que, a sua própria maneira, também anseia por provar-se.

Voando Alto Crítica

Mesmo sem (acertadamente) investir em momentos excessivamente dramáticos, Voando Alto não ignora o peso que tanto desencorajamento traz a Eddie — quando Peary tenta fazê-lo esperar mais tempo para competir nas Olimpíadas, avisando ao jovem que “este é um mundo que não quer conhecer você”, ele responde: “E qual é a novidade?”. Eddie ouviu, a vida toda, que jamais seria capaz de chegar às Olimpíadas — e nem sempre por motivos realizados a suas proezas. Quando o vemos sendo desclassificado da equipe de esqui alpino, fica claro que aquela derrota foi por causa da falta de “elegância” (leia-se: dinheiro). Acertando também ao não exagerar na falta de apoio de seu pai — ou, ao contrário, no suporte da mãe —, o roteiro de Sean Macaulay e Simon Kelton consegue trazer conflito ao relacionamento dos dois com o sonho de Eddie sem, contudo, torná-los cruéis ou descuidados.

Enquanto isso, o diretor Dexter Fletcher toma a excelente decisão de investir em planos e movimentos de câmera mais ousados apenas nos saltos mais importantes da trama — que, assim, imediatamente prendem a respiração do espectador. No restante do tempo, a montagem ágil e as elipses elegantes tornam Voando Alto delicioso de acompanhar, tamanho é nosso envolvimento com o protagonista, seu treinador, os personagens secundários (que, mesmo sem muito tempo de tela, conseguem ser bem desenvolvidos) e com o otimismo e alegria daquele universo.

Além de louvar a perseverança, a resiliência, a coragem e o espírito esportivo, o longa também é um ótimo retrato da importância da aceitação — Eddie, desajeitado, com poucas habilidades sociais e totalmente “uncool”, não precisa mudar em nada para conquistar o público e a imprensa olímpicas. Ele não passa a ser descolado e estiloso, não arruma uma namorada, não troca seu copo de leite pelo álcool; ele, enfim, jamais deixa de ser ele mesmo. Estas podem não ser mensagens novas, claro, mas quando elas deixaram de ser importantes?

E foi assim, a sua maneira, que Eddie “A Águia” Edwards fez história e gravou seu nome na história olímpica. Agora, Voando Alto captura perfeitamente a essência do que o levou a jamais desistir — e a conquistar — seu grande sonho.


“Eddie the Eagle” (EUA, 2016), escrito por  Sean Macaulay e Simon Keltonul Aiello, dirigido por Dexter Fletcher, com Taron Egerton, Hugh Jackman, Iris Berben, Jo Hartley, Keith Allen, Edvin Endre, Christopher Walken e Tim McInnerny.


Trailer – Voando Alto

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