A Fera e a Festa | Sobre o passado

*o filme faz parte da cobertura da 43° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


[dropcap]A[/dropcap] Fera e a Festa nos presenteia com uma visão do passado do cineasta que homenageia, Jean-Louis Jorges, cineasta da República Dominicana, enquanto, ao mesmo tempo, nos faz pensar em cinema não apenas como uma história sendo contada, mas como uma visão muito particular da realidade.

Sua estrela é Geraldine Chaplin, que faz Vera, uma diretora em fim de carreira, dirigindo seu último filme por opção e por idade. Todos seus colegas e amigos estão morrendo, e por esta ser a filha de 75 anos de Charles Chaplin o filme já nos diz desde o começo que é uma viagem metalinguística, onde realidade e ficção se misturam.

Podemos ver isso também na própria produção do filme dentro do filme, que abraça a visão de seu homenageado, com dança, vampiros e uma relação muito próxima entre o real e o sobrenatural. Há momentos no filme que ele irá entregar uma cena que não deveria estar ali, e isso cria uma sensação diferente no espectador que espera pela conclusão da história principal.

E se esse espectador continuar esperando por essa lógica infelizmente irá se frustrar, muito embora exista uma história implícita, que é menor que a força da ficção de pontas soltas e de sensações que o filme entrega.

Ao mesmo tempo temos também uma visão particularmente única dos problemas de produção em filmes mais autorais e independentes. Isso não é novidade, já vimos em clássicos como O Retorno de Sweetback, que conta sobre a produção sofrida de Sweet Sweetback’s Baadasssss Song, filme produzido e dirigido por Melvin Van Peebles, mas aqui há uma junção única entre uma homenagem a um cineasta e a construção da arte.


“La Fiera Y La Fiesta” (Dom/Arg/Mex, 2019), escrito e dirigido por Israel Cárdenas e Laura Amelia Guzmán, com Geraldine Chaplin, Udo Kier e Luis Ospina.



Trailer do Filme – A Fera e a Festa

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