Há algo de mágico na região do Oriente Médio. Seja cem anos atrás ou ontem, ele consegue gerar um drama como ninguém. Pegue o exemplo de A Noiva. A prévia da história é que jovens da Europa acessam a internet e migram para o recém-criado Estado Islâmico para “tocar o terror”. E agora que o jogo virou eles estão sendo julgados na mesma medida. E isso aconteceu ontem, não foi no século passado.
No entanto, a história é contada sob outra ótica. Ela é filmada de maneira épica, com uma fotografia primorosa que evoca a desolação das mulheres e crianças prisioneiras. A câmera captura na ficção a realidade maior, mais intensa.
A primeira sequência do filme é uma execução. O marido da protagonista está no meio. Ela desmaia. É um dramalhão superproduzido.
![](https://cinemaqui.com.br/wp-content/uploads/2022/10/a-noiva-filem.jpg)
A duração do filme também é uma da maiores qualidades do filme. Com pouco mais de 80 minutos, não é necessário mais. Nem mais detalhes. Já sabemos pelo noticiário. O resto é puro drama. A tensão do que será feito dessas viúvas que serão julgadas como terroristas, sob o risco da pena capital. Assim como seus maridos.
A música-tema é de Amy Winehouse, uma cantora que morreu ainda jovem. Ela nos induz a pensar o mesmo do destino desta mulher com dois filhos e um terceiro chegando. Tudo colabora com essa atmosfera apocalíptica. Além dela vestir a burca com barriga de grávida.
Ela é portuguesa e reza para Alá em português. Detalhes curiosos como esse são a novidade de mais um episódio da região que mais possui ruínas de guerra no mundo. É como se elas não existissem nas filmagens estivesse incompleto. As ruínas completam o panorama desértico do Iraque.
Mas, enfim. Duração. Este é um filme em cinco atos, divididos por catarse. Econômico e certeiro. Não faz pensar muito, mas é muito bem conduzido.
“A Noiva” (Por, 2022), escrito e dirigido por Sérgio Tréfaut, com Hussein Hassan Ali, Hugo Bentes e Joana Bernardo.
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