A Princesa | História sabota a ação

Tinha tudo para ser incrível. Uma princesa com cara de Disney, presa no alto de um castelo, tendo que escapar do vilão e seus asseclas enquanto desce porrada em absolutamente todo mundo que aparece em sua frente (Ok… a violência é menos Disney!). Mas A Princesa, novo filme do Hulu (leia 20th Century Studios e chegando no Brasil na Star+), resolveu ainda contar uma história e isso sabotou o próprio caminho.

Joey King é a princesa e fez ela mesma 80% das cenas de ação e porradaria, o que é uma benção para o visual do diretor vietnamita Le-Van Kiet. E ele não esconde ela de nenhuma violência, muito sangue, gente decapitada, decepada, transpassada e mais qualquer jeito possível de matar um monte de capangas que estão entre ela e a vingança contra Julius (Dominic Cooper)… que é só mal, se veste de preto e ficou sozinho no altar depois de um casamento arranjado.

A princesa sem nome então é sequestrada e Julius força o Rei e sua família a… não se sabe direito, mas ela precisa salvar eles e isso é suficiente para desandar o filme.

O roteiro de Ben Lustig e Jake Thornton é desastroso. Cada vez que ele sai do mote “princesa bonitinha na verdade é uma guerreira sangrenta e está enfiando espadas nas cabeças dos vilões” o filme perde. A história é capenga, os personagens são vazios e esquematizados, assim como uma estrutura de flashbacks ruins que interrompe a diversão do filme.

A Princesa | História sabota a ação

Não que uma história não pudesse ser contada, os diálogos expositivos estão aí para isso. Bastava ela encontrar com algum amigo ou inimigo durante sua descida da torre para que absolutamente tudo que os flashbacks contam, fosse contado ali, no meio da porradaria. Nem a dupla de roteiristas, nem o diretor, percebem o quanto essas escolhas destroem o filme. Principalmente em termos de suspensão de descrença.

Para quem não sabe o que é suspensão de descrença, o termo diz respeito a uma espécie de acordo entre o filme e o espectador. Um limite entre as leis daquele mundo dentro da tela e o quanto o lado de cá aceita isso tudo. Acreditar que a princesa estaria dando conta de todo aquele monte de brutamontes é inverossímil se qualquer um parar muito tempo para pensar nisso. Portanto, quanto a ação corre solta, isso não incomoda, mas é só um dos flashbacks interromper o ritmo que o espectador vai voltar duvidando do filme. O que é uma pena.

“Uma pena”, pois o trabalho do diretor é divertido, as cenas sem cortes valorizam o trabalho corporal de Joey King e as coreografias,  já as com cortes mantém o ritmo e farão a felicidade dos fãs dos filmes de ação. Por isso mesmo, se aquela princesa de 1,62m ficasse durante 90 minutos trucidando um batalhão de capangas genéricos do vilão, sem tempo para respirar, falar nenhuma linha de diálogo ou discutir detalhe da história, com certeza A Princesa seria um filme imperdível.

Mas isso não acontece e você vai ter que aguentar aquele monte de flashbacks chatos. E isso realmente destrói as poucas chances que o filme tinha de funcionar. Tinha tudo para ser incrível, mas o papo furado atrapalha a porradaria e afunda o filme,


“The Princess” (EUA, 2022); escrito por Bem Lusting e Jake Thornton; dirigido por Le-Van Kiet; com Joey King, Olga Kurylenko, Dominic Cooper, Katelyn Rose Downey, Alex Reid, Veronica Ngo, Ed Stoppard e Kristofer Kamiyasu


Trailer do Filme – A Princesa

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