Adão Negro (2022) | Crítica do Filme

Adão Negro | Pouca expectativa e menos qualidade ainda

Seria injusto esperar qualquer coisa do filme do Adão Negro. Mas para o filme cumprir tudo que promete é preciso esperar ainda menos do que o filme se propõe. Tudo bem, ficou complicado, principalmente diante de um filme tão descomplicado. Mas sabe como é, é difícil criar expectativa de qualquer coisa, principalmente em um filme como esse.

É lógico também que muita gente vai entrar no cinema encantando por tudo que está ao redor da produção (herói da DC, anti-herói, “The Rock”, muito dinheiro… um “super spoiler” depois dos créditos) e para não se frustrar ignorará o monte de defeitos do filme para se divertir com a porradaria. Mas ainda assim é pouco.

Os que cravarem, “mas as cenas de ação são boas” estão contando com a própria boa vontade para passar por cima do que Adão Negro realmente é: uma bagunça preguiçosa. Mas sim, as cenas de ação são empolgantes, a câmera do espanhol Jaume Collet-Serra está sempre no lugar mais divertido e elas funcionam. Talvez até o suficiente para apagar o resto das bobagens na memória de muita gente. E Serra é quase um especialista nesse tipo de cortina de fumaça, como já fez em A Casa de Cera, Desconhecido, Sem Escalas e Águas Rasas. Agora em Adão Negro, com mais dinheiro para efeitos especiais.

Uma porcentagem exorbitante de Adão Negro deve existir só dentro dos computadores, mas isso não fica nunca claro e o diretor aproveita cada frame para fazer de Adão Negro um filme que enche os olhos. Divertido sim, com os heróis voando pela cidade e “The Rock” emprestando uma bem-vinda canastrice para o personagem. Então, quando tem ação, Adão Negro funciona bem, mas com mais de duas horas de filme, o resto faz pender a balança para o outro lado.

A história, ou tentativa, tem a mão de um monte de gente, entre eles o roteirista de Alvin e os Esquilos, Adam Sztykiel, e a dupla do recente O Mauritano, Rory Haines e Sohrab Noshirvani. O resultado disso é uma ideia que se arrasta por tempo demais, toda entrelaçada por conveniências que não fazem sentido e reviravoltas que não surpreendem ninguém. Tudo bem, uma das reviravoltas vai surpreender, mas traz tão pouca coisa para dentro do filme que era melhor até que não tivesse existido.

O filme começa mais ou menos cinco mil anos atrás, em Kahndaq, na época o maior império do mundo, pelo menos para eles. Nesse lugar um rei maldoso decide escravizar o próprio povo em busca de um mineral que brilha e significará a ligação dele com um mundo sobrenatural que lhe dará poderes… mas isso é algo tão batido que todo mundo deve imaginar. Desse cenário de opressão nasce um herói, um menino que é escolhido pelos Magos, aqueles mesmo do Shazam, e surge como o campeão de Kahndaq.

Adão Negro | Pouco expectativa e menos qualidade ainda

Flashback vai, flashback vem, depois um outro flashback e assim por diante, o campeão desaparece, mas é despertado nos dias atuais em meio à procura daquele mesmo artefato que o rei antigo queria. Mas agora Kahndaq é dominada por uma gangue de nome genérico e um monte de capangas sem personalidade. Terreno perfeito para o campeão de antes surgir para liberar seu povo novamente… isso se os Estados Unidos não conseguirem impedir.

Existe nesse momento uma dinâmica que talvez seja a única que funcione no filme inteiro, já que a Sociedade da Justiça decide impedir que esse campeão, mais uma vez, seja um perigo para seu povo. Sim, isso está em um flashback, mas os heróis americanos já chegam por lá levando essa verdade incômoda. Como é de se esperar, Adão Negro (ainda não batizado) perde dois terços do seu filme enfrentando Gavião Negro (Aldis Hodge), Senhor Destino (Pierce Brosnan), Esmaga Átomo (Noah Centineo) e Ciclone (Quintessa Swindell).

É lógico que em algum momento eles se juntam para bater em um vilão feito de CGI e que tem, praticamente, os mesmos poderes do Adão Negro, porque lógico, toda preguiça merece um espaço. Adão Negro também é um anti-herói, então ele terá que lidar com sua vontade de ser um vilão, mas ao mesmo tempo um herói… enfim, também nada de novo.

Junte esse fiapo de vontade de contar uma boa história com uma quantidade pornográfica de frases de efeito, diálogos expositivos e lições de moral. Adrianna Tomaz (Sarah Shahi), responsável por despertar o Adão Negro, é praticamente uma máquina de frases feitas. É impossível achar que alguma frase dela seja original do filme, o que só ajuda a tornar todas conversas do filme ainda mais entediantes do que o filme em si.

Dwayne Johnson, vulgo “The Rock”, empresta seu carisma para ao personagem e faz ele funcionar, mas é pouco. O Gavião Negro de Hodge está perdido dentro da necessidade do personagem de ser marrento. Brosnan é talvez a única peça que se destaque no filme, já que o perfil blazé do herói cai como uma luva no ator, que valoriza a ideia e faz ele funcionar bem em meio a todo desastre.

Mas Adão Negro é uma coleção tão grande de ideias batidas e clichês preguiçosos, que é impossível não se irritar, mesmo com toda porradaria. Não que alguém pudesse criar a expectativa de um filme muito mais complexo, mas pelo menos que não fosse tão simplório e preguiçoso como esse. Seria injusto esperar algo de Adão Negro, mas esperar absolutamente nada também é conveniência diante do monte de problemas do filme.


“Black Adam” (EUA, 2022); escrito por Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani; dirigido por Jaume Collet-Serra; com Dwayne “The Rock” Johnson, Aldis Hodge, Pierce Brosnan, Noah Centineo, Sarah Shahi, Quintessa Swindell e Marwan Kenzari.


Trailer do Filme – Adão Negro

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