Agente Stone | Só o mesmo de sempre

Enquanto houverem filmes de espionagem meias-bocas e genéricos como Agente Stone, a franquia 007 pode ficar sossegada que absolutamente nada irá lhe tirar do topo da cadeia alimentar dos filmes de espionagem e aventura. E quem apontar que essa não é a intenção do novo filme da Netflix, perguntem para ela se não gostariam que Agente Stone se tornasse uma série de filmes. Muito provavelmente você sabe a resposta.

Mas Agente Stone não é um desastre, só é tão mediano e igual a um monte de coisas que dá preguiça. Pior ainda, é tão afogado por clichês do gênero que fica difícil defender muito além do “não é um desastre”.

O filme começa com um vilão tomando whisky dentro de um helicóptero chegando em uma estação de esqui que parece receber uma festona cheia de rica e bonita. Do lado de cá da lei, um grupo de agentes conversam através de seus pontos enquanto esperam o vilão. No meio desses agentes está Rachel Stone (Gal Gadot), dentro de uma van participando da ação como “tech girl”. Até que precisa sair para campo.

Tudo bem, o filme não é sobre isso, até porque seria difícil acreditar que Gadot poderia ser escalada para “nerd na van” e Mulher Maravilha dentro da mesma realidade. Mas Stone sai da van e logo mais o espectador vai descobrir que ela, na verdade, é uma agente secreta tão secreta que está infiltrada no MI-6. Uma agência, “A Carta”, que está lá para salvar o mundo quando as outras agências não dão conta.

Mesmo com a força Missão: Impossível já tendo feito isso e até a Kingsman, ainda assim a ideia é fingir que “A Carta” seja algo novo. Cada agente ainda ganha o nome de uma carta, o que torna tudo ainda mais estiloso. Isso sem esquecer que eles tem uma espécie de computador quântico que consegue hackear tudo e todos em qualquer lugar, criando uma interface “à la Tony Stark” comandada pelo Valete de Copas (Matthias Schweighöfer).

É o núcleo desse computador que é o foco dos vilões, uma hacker querendo vingança (Alia Bhatt) e um outro que é uma surpresa então é melhor não falar sobre ele. Sobra então para a agente Stone sair pelo mundo sozinha para salvar “A Carta” (que deveria ser chamada “O Baralho”).

Os clichês continuam e ela vai viajar pelo mundo inteiro para enfrentar os dois vilões e ainda um exército de capangas que não aparecem nos créditos do filme. A Glenn Close também está em duas cenas, com só uma delas com linhas de diálogo, o que quer que isso possa significar para a qualidade do filme.

Mas deixando claro que o trabalho da direção de Tom Harper também não é o problema. As cenas são boas e valorizam todo dinheiro gasto com esfeitos especiais, digitais ou não. Também, deixa sempre um clima de videogame em tudo com a ajuda do montador Mark Eckersley. O ritmo dos dois faz o filme passar rápido e diverte com as cenas de ação e momentos de tensão. Mas também, tirando um ou dois momentos (como o da perseguição com motos), nada que ninguém nunca tenha visto.

E por mais que Gadot e nem ninguém no elenco atrapalhe muito a diversão, nenhum deles se sobressai e tudo parece saído da mente de alguém meio se imaginação. O que não é verdade, mas ainda assim, tão sem nenhuma novidade que não deixa espaço para ninguém emplacar nenhum tipo de trabalho mais profundo.

A “mente criativa” do filme é a dupla Alisson Schroeder e Greg Rucka. Ela, tendo assinado o simpático Estrelas Além do Tempo, ele… bom, com ele o buraco é mais embaixo. Rucka é um quadrinista de sucesso que está há quase 30 anos às voltas, não só com super-heróis, mas também com trabalhos assinados por ele que, com certeza, o colocariam em uma posição de maiores expectativas.

Curiosamente, entre passagens famosas por arcos da Mulher Maravilha, Batman e Demolidor, ficou famoso pela séria de 2001 Queen & Country, justamente focada no mundo da espionagem. Isso sem contar seu nome ainda atrelado a outro sucesso da Netflix, Old Guard, baseado em outro trabalho seu nos quadrinhos e que também teve o roteiro da adaptação assinado por ele. Um currículo robusto e que não deveria permitir que ele caísse em tantas armadilhas preguiçosas do gênero.

Pior até, sem conseguir identificar esses problemas, fica a impressão de uma ideia que caberia muito melhor nas páginas de uma série de quadrinhos do que na tela da TV, já que tudo soa episódico e estruturado demais para permitir que seu ritmo empolgue, como se as passagens de tempo não deixassem o roteiro andar com precisão e os personagens fossem de um lugar para o outro do mundo com menos problema e tempo perdido que seria minimamente realista e interessante.

Mas nada disso quer dizer que o filme seja um desastre. Ele só é igual a tanta coisa que só não irá ser esquecidona Netflix por causa do algoritmo que esfregará ele na cara de todos e, como ele não é um desastre, vai cair como uma luva no gosto de quem só quer um filme de espionagem mediano. Que não é um 007, não tem intenção de ser e nem consegue chegar perto disso. Mas tudo bem.

“Heart of Stone” (EUA, 2023); escrito por Greg Rucka e Allison Schroeder; dirigido por Tom Harper; com Gal Gadot, Jing Lusi, Jamie Dorman, Alia Bhatt, Matthias Schweighöfer, Sophie Okonedo e Glenn Close.

SINOPSE – Gal Gadot vive a espião de uma agência ultra secreta que precisa impedir sozinha uma dupla de terroristas de roubar uma arma que pode dominar as comunicações do mundo inteiro.

Trailer do Filme – Agente Stone

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