É preciso tão pouco para se fazer um filme de zumbis ser minimamente interessante e divertido, que não surpresa nenhuma que Alive (ou como o título prefere #Alive) funcione com tão pouco a seu favor.
O filme começa do modo exato que todo filme do gênero deveria começar: um apocalipse zumbi. O protagonista Oh Joon-Woo (Ah-In Yoo, do ótimo Em Chamas) acorda em sua casa, sozinho, e descobre que, do lado de fora do seu apartamento está acontecendo esse fim do mundo patrocinado por esses desmortos corredores que são a cara do século 21.
Sem a família e com as notícias do exterior chegando apenas através de sua janela e da televisão, o jovem decide então fazer o mais seguro, permanecer em casa até o máximo de tempo que puder. Mas lógico, isso vai ter que mudar em algum momento, mas talvez #Alive não seja tanto sobre essa aventura.
O filme escrito e dirigido por Il Cho (nos textos em parceria com Matt Naylor) fica o máximo tempo que sua narrativa lhe permite por ali, grudado no protagonista enquanto ele vai vendo toda tecnologia moderna começar a se tornar obsoleta e o desafio de apenas sobreviver ir ficando ainda mais complicado.
Cho entrega uma direção ágil e cria um ritmo interessante, mesmo preso ao interior do apartamento, brinca com essa ideia de nenhuma modernidade servir para nada diante do caos e do quanto permanecer vivo pode ter significados bem diferentes para cada pessoa. Cria essa dinâmica se permitindo sair um pouco do protagonista e chegando mais perto de alguns outros personagens que surgem na trama.
Mas nada disso é muito surpreendente em um filme de zumbi, e na maioria do tempo seguir a cartilha à risca é uma ótima opção para o sucesso no gênero, #Alive faz isso. O suspense dos momentos em que eles são quase mortos estão lá, o monte de zumbis também, assim como a dúvida se ainda vale a penas viver naquele mundo e até aquela boa e velha lembrança que o monstro criado por George Romero não são as criaturas, mas sim aquele ser humano que decide ser pior do que qualquer monstro sem vida.
Talvez a qualidade e alguns efeitos especiais deixe a desejar, principalmente com o uso de computação gráfica para algumas cenas de gore, mas com certeza a maquiagem funciona e a cena de transformação é bacana o suficiente par ganhar seu destaque (além de claramente inspirada no já jovem clássico do gênero e também coreano, Invasão Zumbi).
Do mesmo jeito que é preciso pouco para fazer um filme de zumbi que funciona, muita gente ainda erra, portanto #Alive pode sim ficar orgulhoso de ter sobrevivido dentro de um gênero que adora ter filmes que são esquecidos e se perdem como um zumbi genérico no meio de uma multidão de desmortos.
“#Saraitda” (Cor, 2020); escrito por Il Cho e Matt Naylor; dirigido por Il Cho; com Ah-In Yoo, Shin-Hye Park, Hyun-Wook Lee e Bae-soo Jeon