Almofada de Alfinetes Filme

Almofada de Alfinetes | Uma fábula sobre mãe e filha


[dropcap]D[/dropcap]esenrolando-se em um tom fabulesco que torna-se mais e mais sombrio ao longo da projeção, Almofada de Alfinetes é um eficiente longa-metragem de estreia para a diretora e roteirista inglesa Deborah Haywood, que sabe aproveitar muito bem o baixo orçamento e as locações de sua pequena cidade-natal de Swadlincote, em Derbyshire, na Inglaterra.

A jovem Iona (Lily Newmark) e sua mãe, Lyn (Joanna Scanlan), acabam de se mudar para a cidade, onde não conhecem ninguém. Determinadas a aproveitarem a oportunidade de virar a página e causarem uma boa impressão na população local, Iona fica determinada a conquistar as colegas populares, enquanto Lyn dedica-se a firmar uma amizade com os vizinhos. Mas as duas são extremamente co-dependentes, chegando até mesmo a dividir a mesma cama. Assim, as máscaras que colocam para impressionar os demais e o impacto que isso tem em cada uma delas acaba por afetar também a relação tão próxima dessas excêntricas personagens.

Deborah Haywood investe em uma direção paciente e desapressada na maior parte do tempo, permitindo que sua dupla central tenha tempo de simplesmente existir na tela. Isso é fundamental para que compreendamos não apenas quem cada uma delas é, mas o quanto elas dependem uma da outra e o quanto as atitudes da mãe afetam a filha e vice-versa. Nesse sentido, Lily Newmark e Joanna Scalan constroem uma dinâmica tão repleta de carinho quanto de sufoco. Esse lado doentio de sua mãe faz com que Iona entregue-se com frequência a cenários imaginativos em que, em vez de ser uma senhorinha corcunda, sua mãe é uma jovial e atraente comissária de bordo. A rotina de Iona é repleta desses “escapes” que floreiam a realidade, enquanto Lyn faz o mesmo ao insistir em tratar seu pássaro de estimação como “irmão” de sua filha ou prendendo-se ao consolo oferecido por um psíquico.

Almofada de Alfinetes Crítica

Se Almofada de Alfinetes começa falando principalmente sobre o desejo de nos encaixarmos e até onde estamos dispostos a ir rumo a esse objetivo, o segundo e o terceiro atos destrincham as consequências dessa auto-enganação, pois vai muito além do público-alvo (que, no caso, são as colegas de escola, os vizinhos e também uma à outra). A linguagem fabulesca permanece até o final, o que ainda garante consistência e ritmo à produção em que a direção de fotografia de Nicola Daley investe em tons que, por vezes, circundam a protagonista da mesma forma com que seus sentimentos a consomem.

Com isso, Almofada de Alfinetes surge como a obra inicial de uma cineasta que sabe o que está fazendo e que se sai bem não apenas no estilo coeso adotado para o longa, mas também por saber como e por que contar sua história.

Esse texto faz parte da cobertura da 42° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


“Pin Cushion” (UK, 2017), escrito e dirigido por Deborah Haywood, com Lily Newmark, Joanna Scanlan, Loris Scarpa, Sacha Cordy-Nice, Bethany Antonia, Saskia Paige Martin, Sophia Tuckey, Charlie Frances e Isy Suttie.


Trailer do Filme – Almofada de Alfinetes

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