An Passado em Marienbad Filme

Ano Passado em Marienbad

Não é exagero se sentir um pouco mais inteligente depois de acabar de ver Ano Passado em Marienbad. Alain Resnais parece obrigar o espectador a fazer um quase exerício mental para conseguir se deixar levar pela trama do filme, sem parecer se preocupar muito em te levar com ela, como se divagasse diante de sua própria linguagem narrativa.

Resnais brinca não só com o cinema e sua obrigação de uma linha temporal, mas com tudo à sua volta, criando uma história que convive em dois lugares ao mesmo tempo, com dois momentos separados por um ano disputando um mesmo lugar, tudo genialmente orquestrada para que o espectador se perca diante de tudo que está vendo, mas sempre deixando aquela impressãozinha, lá no fundo, de que tudo faz sentido, deixando o espectador preso àquilo, tomando para sí essa explicação, enquanto parece se deixar ser enganado. Assim como a personagem  de Delphine Seyring, que ao mesmo tempo se faz levar por aquelas lembranças que teima não serem dela. E na verdade não são, Resnais às dá ao espectador.

Em um Misen-cene de rostos sem expressão e personagens que não são encarados enquanto falam, como se não tivesses vozes, como estátuas em um jardim, Resnais faz o trio de protagonistas, e todos a sua volta, jogarem um jogo impossível de ser vencido, e até de ser entendido, um jogo que vai se formando por diálogos fragmentados. Um jogo de paixão talvez, mas que não é preciso saber, apenas se ter certeza de que, no fim, quem ganha é o cinema.


L´année dernière à Marienbad (1961) escrito por Allan Robbe-Grillet, dirigido por Alain Resnais, com Delphine Seyrig, Giorgio Albertazzi and Sacha Pitoëff


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