Assalto Metro 123 Filme

Assalto ao Metrô 123

Tony Scott é daqueles cineastas que pode, depois de mais de duas dezenas de filmes (e anos de experiência), bater no peito e dizer que conseguiu criar uma identidade em suas produções, tanto como diretor quanto como produtor. São precisos pouco segundo em frente a um de seus filmes para perceber seu envolvimento nele e, para quem não gosta de seu estilo, são precisos os mesmo poucos segundos para se irritar com seus filmes. Assalto ao Metrô 123 não foge disso.

Talvez muito desse “ódio” venha da grande diferença entre ele e seu seu irmão Ridley: Tony nunca pareceu muito preocupado em criar filmes que fossem “entrar” para história (mesmo tendo conseguindo fazer isso uma boa meia dúzia de vezes, principalmente antes de 2000), seu foco sempre pareceu ser o de entreter o público do jeito mais arrebatador possível. Uma assinatura que nasceu estilosa, mas que acabou tornando-o refém dessa mesma estética, fazendo com que se perdesse em um cinema visual tão forte e rebuscado que não parece mais ter espaço para a narrativa. E a cada ano que passa, seus filmes se tornam mais e mais ocos dentro de uma casca decorada.

A primeira imagem de Assalto ao Metrô 123, calma, com a câmera do diretor sobre a cidade silenciosa, dura pouco segundos, depois disso, aquele mesmo mundo parece começar a pular, dançar, ficar picotado e ensurdecedor. Scott não consegue seguir nem ao menos uma linha, já que, em menos de um minuto já colocou na tela a grande maioria de personagens que irão carregar a trama. Um excesso claro de informação para um filme que nem precisaria de tanto para mostrar, já que tem uma trama simples e fácil.

John Travolta, seu bigode “Redneck” e suas tatuagens, vive o líder de um grupo de bandidos que sequestram um trêm de metrô e pedem dez milhões de dólares em troca dos reféns. Do outro lado, Denzel Washington, encarando a cada dia mais o papel de cinquentão (com barriguinha e tudo), é um executivo da empresa de metrôs de Nova York, que, após ser acusado em um escandá-lo envolvendo propina, é rebaixado de função e acaba acidentalmente servindo como negociador do sequestro. Logicamente que a trama, adaptada do original de 1974 estrelado por Walter Mathau, guarda algumas surpresas para o seu final, mas isso não importa muito, já que Scott não parece decidido em que filme fazer.

Se por um lado, essas reviravoltas carregam o filme para uma trama de ação, do outro Scott parece preferir apostar no duelo intelectual entre Travolta e Washington, não conseguindo equilibrar esses dois fatores e resultando em um filme chato, muito movimentado quando deve ser calmo e vice-versa. Sua câmera roda incessantemente em volta dos personagens que travam linhas e mais linhas de diálogos (até interessantes, é preciso falar), ao mesmo tempo em que tenta desenvolver sequencias de ação pouco empolgantes e até desnecessárias. Tudo junto demais, tirando um pouco o peso dramático geral. Não sendo a toa que até um dos personagens questiona por que o dinheiro do resgate vem de carro e não dentro do helicóptero que o escolta por Manhatan, já que nesse momento é fácil perceber o quanto tudo está perdido dentro da própria ideia.

Essa aceleração obrigatória só faz com que Scott precise tomar atalhos extremamente preguiçosos para levar o filme em frente, como closes em laptops e diálogo sobre heroísmo entre os reféns (esses por sua vez, resumidos a simples figurantes sem função narrativa). Scott não só se esquece de desenvolver essas trágicas figuras, como, simplesmente, não parece preocupado em mostrar profundamente ninguém, e tal coisa só não se torna desastrosa graças aos ótimos nomes do elenco, que ainda conta com John Torturro e James Gandolfini, ambos desperdiçados dentro da trama (coisa que Torturro vem adorando fazer nos últimos tempos), mas que conseguem, pelo menos, segurar todo tom histérico de Scott.

Assalto ao Metro 123 é mais um filme de apelo únicamente visual e cheio de estrelas, que conta uma história cheias daqueles personagens dúbios e anti-heróis, com uma reviravolta anunciada e uma perseguição no final que vai acertar em cheio a grande maioria de espectadores (e desagradar a crítica) por simplesmente cumprir o que promete. Um prato cheio para quem procura pela mesmice e para Scott, já que essa sua “assinatura” se tornou uma verdadeira tendência desse cinema “videoclipesco” que arrasa nas bilheterias e que cria expectativas baixas em suas platéias.


The Taking of Pelhan 123 (EUA, 2010), escrito por Brian Helgeland, dirigido por Tony Scott, com Denzel Washington, John Travolta, John Torturro, James Gandolfini e Luiz Gusmán.


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1 Comentário. Deixe novo

  • Anonymous
    07/10/2009 0:07

    É um bom filme. O Vinícius é exigente demais e acaba passando a impressão de que o filme não tem absolutamente nada de especial, contudo, enfim… não de graça leva o título de crítico de cinema.

    Victor de Paula

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