Bus Palladium

por Vinicius Carlos Vieira em 19 de Janeiro de 2011

Muitas vezes um filme simples, como “Bus Palladium”, faz seu papel de modo tão certinho que, mesmo sem ter nada de tão grandioso para mostrar, acaba se tornando uma experiência que faz valer à pena, e muito.

O filme de estreia do diretor Christopher Thompson é natural, tem um ritmo marcante, aposta na sensibilidade de seus personagens e faz tudo isso quase como uma espécie de fábula moderna onde cinco amigos conseguem o sucesso graças a sua banda. Na verdade, esse lado de fábula dá lugar à dinâmica desses personagens e mostra o quanto tudo pode dar certo antes de dar errado.

O surpreendente disso, é que, mesmo sendo um daqueles “filmes de bandas”, e ainda que centralizando a trama muito mais no vocalista e no guitarrista (os seguros Arthur Dupont e Marc-André Grondin) , é impossível não acabar de vê-lo sem se sentir à vontade com todos outros componentes. Toda linha que se segue entre os ensaios no depósito do pai de um deles até o fim iminente, passa por todos eles de modo bem costurado e vigoroso, mesmo que aposte em algumas cartas marcadas para carregar seu roteiro.

Em um mar de conflitos óbvios, de ego, mulheres, oportunidades, sonhos e depressões (aqueles mesmo que perseguem nove entre dez bandas do cinema) “Bus Palladium”, pelo menos, sobrevive por não inventar nenhuma reviravolta fantástica e seguir esse caminho que, mesmo manjado, funciona com leveza e faz o filme seguir perfeitamente. Essa estrutura, que para muitos seria sem graça, aqui é o que mais chama atenção no filme, já que consegue lidar com os conflitos da trama de forma natural, sem em nenhum momento se perder em resoluções que não se mostrem totalmente plausíveis e verdadeiras. O que o torna fácil de ser identificado por seus espectadores.

A história tem início com o enterro de um dos amigos, o que fica logo claro qual deles, já que ele é o único ausente na cena (e nem o filme tenta fugir disso), mas o que vem depois não acaba refém desse momento, como se esse final trágico e inevitável estivesse lá fazendo sombra, mas o importante sendo então desenvolver a vida desses cinco caras, durante a década de 70, onde todos podem sonhar, usar longas costeletas, vestir suas jaquetas do couro e estourar com suas bandas de rock.

“Bus Palladium” (que é o nome do lugar onde fazem o primeiro show) não é um filme definitivo sobre rock, nem parece ter essa pretensão, já que fica claro que sua vontade é mesmo de contar uma história sincera sobre uma amizade que sobrevive aos anos e a todas as barreiras.

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Idem (Fra, 2010), escrito e dirigido por Christopher Thompson, com Marc-André Grondin, Arthur Dupont, Elisa Sednaoui, Geraldine Pailhas, François Civil, Jules Pélissier e Abrahan Belaga

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2 Comentários. Deixe novo

  • Vinicius Carlos Vieira
    23/02/2011 10:57

    eu vi pelo festival “My French Film Festival” como jurado, então não foi por meios normais mesmo (o festival foi via streaming), mas então fui dar uma sondada e não achei nada a respeito de nenhuma previsão de lançamento por aqui, mas acredito que, pela qualidade do filme ele deva ser lançado aqui sim, mesmo que direto para DVD (que é o que eu acredito que vá acontecer), e como o filme é de 2010, ainda está dentro do tempo normal de lançamento por aqui… uma outra opção é procurá-lo em sites de venda de fora do Brasil (por exemplo na Amazon da Inglaterra, http://www.amazon.co.uk, eu sei que tem para vender, só que as legendas devem ser só em inglês… espero ter ajudado

  • Gabriela
    23/02/2011 0:39

    Olá, quero muito assistir esse filme..
    mas não acho disponível em lugar nenhum!
    alguma dica?

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