Caranguejo Negro | Crítica do Filme | CinemAqui

Caranguejo Negro | O Inimigo é outro

Enquanto existe uma vontade interessante de esconder sua história, Caranguejo Negro é divertido. Mas não demora muito para esse filme de ação sueco não chegar em lugar nenhum, e quando faz isso, nenhum mistério é interessante o suficiente.

O filme é a adaptação do livro de Kerjer Virdborg e o roteiro é escrito pelo próprio diretor Adam Berg em parceria com Pele Radstrom. Mas tudo isso para contar uma história que parece fadada à mesmice. Que começa intrigante com essa guerra meio pós apocalíptica, mas que nunca é precisa, apenas um “inimigo” que não tem face, apenas uma balaclava, sabe-se lá com que objetivos ou interesses. A falta de informação realmente atrai e funciona.

Logo em seguida a história toda dá uma guinada para uma sequência de clichês preguiçosos enquanto um grupo de soldados é designado para uma missão que pode acabar com a guerra. O espectador vai conhecer mesmo apenas a durona Edh (Noomi Rapace), que, além do objetivo aparente, ainda vê na missão a oportunidade de reencontrar a filha, sequestrada faz anos pelo pessoal da balaclava.

Mas todo filme ou história qualquer precisa ter um diferencial que chama a atenção, nesse caso não é a equipe de estereótipos que se juntam a Edh só para serem sacrificados pelo roteiro, o diferencial aqui é que eles irão atacar a base do Inimigo através de um arquipélago congelado, todos eles municiados com seus patins.

Caranguejo Negro | O Inimigo é outro

Sim, é um filme de ação violento e pós apocalíptico sobre patins. E isso não é um problema, muito pelo contrário, a tensão do território congelado funciona, as situações são tensas e tudo parece deslizar com segurança e clareza (impossível não fazer o trocadilho). Até a ideia do tal “O Inimigo” não ter face e nem objetivo deixa aquele gostinho de “ninguém sabe quem é quem em uma guerra”, mas tudo escorrega feio (tudo bem, trocadilhos demais!).

A direção de Berg é estilosa (vindo de uma carreira de videoclipes) e sabe aproveitar bem as cenas de ação, mas o roteiro é desequilibrado e não consegue respaldar a presença de Rapace como protagonista. Sua motivação parece não expor essa liderança em tela e a trama cai rápido demais para uma espécie de melodrama de guerra óbvio. O grupo dá um passo, discute um problema, desenvolve um conflito e logo alguns tiros tiram eles dessas cenas. E isso se repete vezes demais.

Quando o próprio roteiro descobre que Rapace pode ser a protagonista, a trama descamba para algumas soluções que não se importam de serem óbvias e bobinhas. A personagem chega tarde demais no seu devido lugar e não consegue demonstrar a real inteligência que ela deveria ter. Isso faz com que o final, que poderia ser surpreendente e criar um filme novo e diferente, só vai naquele lugar onde, muito provavelmente, todos espectadores irão adivinhar.

É fácil demais perceber onde aquilo tudo iria chegar, apenas a protagonista não o faz. É também fácil demais achar que Caranguejo Negro poderia ser uma experiência surpreendente, mas talvez seja mais fácil ainda se decepcionar com o lugar desinteressante onde o filme chega. Mesmo patinando sobre o gelo e cheio de tiros.


“Svart Krabba” (Sue, 2022); escrito por Adam Berg e Pelle Radstrom, a partir do livro de Jerker Virdborg; dirigido por Adam Berg; com Noomi Rapace, Aliette Opheim, David Decnik, Jakob Oftebro, Dar Salim, Ardalan Esmaili e Erik Enge.


Trailer do Filme – Caranguejo Negro

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