CinemAqui na CCXP | Parte 01 | Dia 01 – Didi, Whitewashing e Vin Diesel (além de um pouco de HQ)


Ainda que ela tenha os quadrinhos no nome, faz anos que as Comic-Cons pelo mundo deixaram um pouco a ¿Nona Arte¿ de lado e abriram espaço para as outras mídias. O resultado é isso crescendo tanto que hoje a maioria do pessoal até permanece por horas em filas sem nunca terem folheado um único gibi em sua vida.

E no Brasil isso não é diferente. Bom para quem vai interessado nos outros assuntos. Ainda que o grande homenageado dessa edição e que sirva para abrir os trabalhos da Comic-Con Experience (CCXP) seja um personagem que extrapola qualquer mídia: Renato Aragão.

Aragão, sob a alcunha de Didi, esteve na TV durante três décadas com seus companheiros ¿trapalhões¿, Dedé, Zacarias e Mussum. Além de terem reinado na TV, no cinema foram 21 filmes, com mais de 100 milhões de espectadores ao todos, com um terço desses estando na lista das maiores bilheterias do Brasil. Sem contar o sucesso durante os anos 80 e 90 nos quadrinhos com uma série de revistas (primeiro pela Bloch e depois pela Abril).

Uma história que pode até ser manchada por decisões recentes que expuseram certos lados de sua personalidade que nada combinam com sua genialidade artística, mas que podem muito bem serem esquecidos na hora da ovação em pé da plateia do Auditório Cinemark da CCXP.

As palmas deram lugar a um painel para falar sobre algumas novidades que parecem arriscadas. A primeira delas é a volta de Os Trapalhões para a TV, com ele e Dedé no elenco contracenando com quatro outros atores. Segundo com Didí, ¿meros imitadores¿, mas com cada um deles tendo um pouco das quatro estrelas originais do. Falta agora torcer ara que dê certo, mas também fica o pensamento: será que o mundo precisa de remakes de Zacarias e Mussum, falecidos, ou até dos ainda vivos Didi e Dedé?

De qualquer jeito, Aragão ainda apresentou o trailer do que ele acredita ser o seu último filme no papel de Didi (o 50°!): Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood, uma espécie de continuação espiritual do mega sucesso de 1981.

saltimbancos

O painel ainda terminou com um clipe dos ¿velhos tempos de¿ Aragão levando-o às lagrimas junto de grande parte da plateia, e uma promessa ¿Sou Palhaço, não vou mudar e fazer stand-up… vou ser sempre palhaço¿. E é isso que esperamos, já que o mundo precisa de mais riso inocente.

Um pouco de HQs

Como nem só de cinema e TV vive a CCXP, a sequência dentro do Auditório Cinemark levou para lá não só alguns dos nomes mais disputados dos quadrinhos atuais, como duas lendas das HQs.

Primeiro de tudo aquele famoso e sempre meio repetitivo (para não dizer chato) ¿Painel da DC¿ (E não se enganem, o da Marvel é igualmente meio morno…chato), onde a editora junta no palco um monte de nomes de desenhistas brasileiros para falarem sobre seus projetos na editora. Como sempre nada de muito empolgante, mas o que vem na sequência não deixa de ser histórico.

Pelo segundo ano seguido, a presença de Frank Miller precisa sempre ser festejada e aproveitada. E se você não sabe quem é Frank Miller, fica aqui um breve currículo, já que o desenhista/roteirista americano mudou os quadrinhos quando nos anos 80 tanto passou pela Marvel em Demolidor, quanto logo na sequência foi para a DC e escreveu duas de suas maiores obras: Batman Ano Um e Cavaleiro das Trevas.

Miller ainda é o criador da série Sin City e da Graphic Novel 300, o que o coloca quase como uma personalidade do cinema também. E falando em cinema, Miller ainda se meteu a escrever os roteiros de Robocop, co-dirigiu Sin City com Robert Rodrigues e quase colocou tudo a perder com seu trabalho de diretor em Spirit.

E falando em ¿colocar tudo a perder¿, Miller nos quadrinhos ainda escreveu o esquecível Cavaleiro das Trevas II, que mais recentemente ainda ganhou uma sequência Cavaleiro das Trevas 3: A Raça Superior, em parceria com o quadrinhista Brian Azzarello. Material que foi o que os colocou no terceiro painel do dia para discutir sua obra.

CCXP 2016

Um bate-papo que permaneceu meio desanimado pela maior parte do tempo, já que aparentemente esse terceiro número da série não empolga nem eles. Mas sobre isso o que fica é a impressão de ver dois caras com o conhecimento dos personagens em uma profundidade que poucos conseguem. Bom ou ruim, o caminho da história reflete a paixão e a genialidade dos dois (se quiserem saber mais sobre Azzarello, procurem a série 100 Balas).

De novidade sobre o futuro de Miller, algumas boas afirmações. A primeira é que ele deve voltar ao mundo de Sin City e ainda completar um outro trabalho histórico no mesmo formato e assunto dos espartanos, Xerxes etc.. A surpresa fica pela declaração de estar interessado em fazer uma série sobre a Segunda Guerra Mundial com a ¿Santíssima Trindade¿ da DC tomando frente na batalha. Mulher-Maravilha no pacífico, Batman na Europa (com Bruce Wayne comercializando munição e armas) e Superman com a responsabilidade de liberar campos de concentração e exorcizar sua criação judaica.

Uma ideia que soa doida logo de cara, mas que vai ficando mais e mais interessante a cada hora que você pensa nela.

Johansson, Vin Diesel… e até o Neymar

E para quem estava sentindo falta de material exclusivo e gente famosa, o painel da Paramount estava lá para resolver isso.

O que Paramount te faz pensar logo de cara é que ela vai fazer uma pilha de dinheiro enorme nos próximos anos, já que um clipe no meio do painel mostra seus lançamentos e não deixa muito espaço para nada. God Particle (que faz parte do mundo de Cloverfield), Baywatch (com Zach Effron trincado, ¿The Rock¿ maior do que nunca e Alexandra Daddario para alegria dos marmanjos), Downsizing (dirigido pelo rei dos ¿indies¿ Alexander Payne), Missão: Impossível 6 (com Tom Cruise mais uma vez deixando as companhias de seguro preocupadas) e, por fim (e menos importante), não só Transformers: O Último Cavaleiro (que estreia em 2017), como ainda mais dois filmes dos robozões.

Mas o destaque deles ficou mesmo com Vigilante do Amanhã e xXx: Reativado. Com a adaptação do anime abrindo os trabalhos. E uma coisa se pode adiantar: é impossível não ficar impressionado com tudo aquilo.

Ainda que um aparente incômodo pairasse sobre a produção por causa do aparente ¿Whitewashing¿ (quando tornam personagens de outras nacionalidades todos brancos e ocidentais) que a adaptação vem sendo acusada e o monte (mas um monte mesmo!) de vezes que alguém aponta a fidelidade do filme em relação à animação, não seria necessário nada para que as próprias imagens levassem por terra qualquer chatice de fã. O pouco que é mostrado se prova uma produção aparentemente preocupado com essa fidelidade. Assim como o resultado é impressionante.

Quem estava lá no painel pode enlouquecer com a sequência de abertura do filme, não curiosamente, quase a mesma do original, com a ciborgue (no filme vivido por Johansson) ¿ganhando vida¿. Tanto o visual se assemelha e funciona perfeitamente bem na tela grande, quanto mostra um cuidado enorme do diretor Rupert Sanders com isso (que você conhece do bobinho, porém bonito, Branca de Neve e o Caçador). Isso sem esquecer da trilha sonora japonês e desconcertante (para não falar meio perturbadora) para completar a experiência.

O segundo material exclusivo é uma bonita e violenta cena de ação estrelada por Takeshi Kitano, no papel de Daisuke Aramaki (na animação, chefe da Seção 9), um dos únicos humanos da do lado dos mocinhos e que aqui aparece dando conta de uma série de bandidos em uma emboscada.

Sobre o tal ¿Whitewalshing¿, ainda que com toda essa certeza de a equipe estar fazendo algo pelo menos à altura da obra original, é preciso pensar o quanto seria complicado para a própria Paramount apostar toda essa grana em um filme sem um grande ator para carregar as pessoas ao cinema. E é claro que você fã estaria no primeiro da fila mais amarradão ainda se a protagonista tivesse pelo menos os olhos puxados, mas você é uma minoria dentro das pretensões do estúdio.

Além do mais, o que todo mundo quer mesmo, sejam fãs ou não do material original, é que o filme não só consiga capturar tudo de bom da animação, como conte uma boa história. E isso independe do nome no alto do cartaz, contanto que funcione. Mas a torcida para que Vigilante do Amanhã se torne um baita sucesso e Ghost in The Shell não seja o único anime a ganhar vida com atores de verdade no cinema é indiscutível (não é mesmo Kaneda?).

CCXP 2016

Mas a grande estrela do painel da Paramount é mesmo Vin Diesel, seus três ¿Xis¿ tatuados na nuca de Xander Cage e um enorme esforço desse filme de, em 20 minutos de prévia exclusiva, não fazer o menor sentido. O trecho, no caso, abre com Samuel L. Jackson explicando o tal ¿Programa Triplo X¿ para ninguém menos que Neymar, que tenta ser convencido a (quem sabe!) se tornar o novo herói radical. O que vem a seguir é ambos levando a pior atingidos por um satélite (sim isso não parece fazer muito sentido) e uma reunião de engravatados sendo interrompida por um ¿oriental qualquer¿ descendo a porrada em todo mundo com a ajuda do atual campeão do UFC, Michael Bisping.

Ok, até ai nada da Vin Diesel, nem do palco nem na tela, mas isso é questão de tempo. O material exclusivo acompanha então Xander Cage esquiando em uma floresta (ham?!) e fazendo skate downhill por alguma estrada qualquer para conseguir que um povoado de sei lá onde possa ver o Brasil tomar sete gols da Alemanha na Copa do Mundo. Enfim, Cage ¿se dá bem¿ com uma moça saída de lugar nenhum e termina os tais ¿20 minutos¿ escolhendo quem será sua equipe de malucos que o ajudarão a impedir alguém mais doido ainda de ficar por ai arremessando satélites nos outros.

O que se vê ali é um diretor, D.J. Caruso (de Eu Sou o Número Quatro, Paranoia e Controle Absoluto), não levando absolutamente nada a série e apenas deixando as câmera ligada enquanto um roteiro completamente maluco acontece. E talvez seja isso que os fãs querem, e pelo grito do público no auditório quando Vin Diesel surgiu no palco acompanhado de Bisping e Nina Dobrev (da série Vampire Diaries), é mais que necessário para o sucesso do filme.

O trio de atores então fica ali sentado respondendo um monte de perguntas básicas, ¿como se sentem¿, ¿como foram as filmagens¿ etc., com respostas igualmente polidas e aquela impressão de que os 20 minutos exclusivos já valeriam o tempo de fila. Pelo menos Diesel é simpático, responde tudo gritando ¿e ai Brasil!¿ ou algo do tipo no final, levanta e agita a galera. De realmente recordável, somente a afirmação que a franquia realmente voltou aos trilhos e que o quarto filme já começa a ser filmado em maio próximo.

E a continuação da cobertura da CCXP continua logo mais com Millenium Falcon, dragões e uma rainha morta.

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