Close Filme

Close | Falta ser divertido e esquecível


[dropcap]C[/dropcap]lose poderia ser um filme de ação esquecível que serve de passatempo durante 90 e poucos minutos. Mas teima em ser “incrível”, conter uma lição e se escorar em uma surpresa tão mal construída que é difícil não se irritar com o resultado.

Nele, Noomi Rapace é uma espécie de “segurança civil de zonas de guerra” (a profissão deve existir com um nome mais simpático). Close abre com uma sequência engenhosamente violenta dela protegendo uma dupla de jornalistas de um ataque no meio de algum lugar do Oriente Médio. Não importa onde quando tudo é tão genérico assim.

Sam (Rapace), que poderia ser interpretada por Liam Neeson ou qualquer “neo-brucutu”, então acaba indo fazer um serviço freelancer para a filha adolescente mimada de um magnata da mineração, Zoe (Sophie Nélisse, de A Menina que Roubava Livros). O problema é que, aparentemente, a sua “madrasta má” (ao melhor estilo Disney), Rima (Indira Varma), não está muito feliz de a enteada ter herdado tudo.

Para não sair da obviedade, ao final do trabalho, Sam acaba salvando Zoe de um sequestro, o que faz com que as duas se vejam perdidas no Marrocos, fugindo de tudo e todos enquanto tentam atravessar a fronteira. O papo de “atravessar a fronteira” logo é esquecido, para o bem da trama.

Escrito pela diretor Vicky Jewson em parceria com Rupert Whitaker, Close se comporta como um daqueles filmes de ação genéricos dirigido por alguém com nome francês e que vem sempre com o Liam Neeson (de novo ele!) no topo do elenco, mas, aos poucos, a pilha de corpos vai ficando mais longe e as cenas de ação vão ficando menos interessantes. Elas existem, mas parece que não no número suficiente para divertir quem vai ao filme procurando um pouco mais do mesmo.

A adrenalina é substituída por algumas pequenas sessões de terapia onde os personagens se arrependem de seus passados e precisam encontrar força para viver o presente. Sam tem uma filha que abandonou e um relacionamento que não foi para frente. Zoe sofre por não ser amada pela madrasta. As duas só querem um ombro amigo e reaprender a confiar nos outros. Com certeza se o Liam Neeson estivesse nessa situação iria ocupar esse vazio existencial com bandidos devidamente mortos, mas não é isso que acontece.

De qualquer jeito, tirando a madrasta, que precisa lidar com uma personalidade mutável para se encaixar no “grande sistema das coisas”, as duas protagonistas vivem personagens que funcionam, nunca caindo muito no estereótipo de gênero (isso é bom comentar!), enquanto usam dessa profundidade do parágrafo anterior para mover suas ações. Se isso não interessa a ninguém, é porque o roteiro não sabe bem o que fazer.

O tal “grande sistema das coisas” é uma trama que envolve ações da mineradora, a compra de outra empresa e, mais para frente, uma chantagem que muda completamente a “ótica” da trama. Uma surpresa que o cineasta, com certeza, acha que irá explodir a cabeça de todos, mas só faz com que o espectador se distraia nos momentos finais tentando entender como foi enganado e sugestionado. O cuidado narrativo, em termos práticos, não deixa pontas soltas, mas o comportamento de certos personagens simplesmente não cabe nessa reviravolta.

Resumindo, para te fazer olhar para um lado enquanto faz o truque na outra mão, Vicky Jewson esquece de fazer você olhar de volta para a cartola ou sequer para o mágico, só vislumbra um coelho no final. Mas ai você já não está mais interessado em mágica nenhuma, só queria mesmo que o Liam Neeson estivesse ali descendo porrada em um incontável número de capangas.

Justiça seja feita, Raapace daria conta de todos esses bandidos genéricos tão bem quanto Neeson, e quando entra em ação mostra que tem tudo para entrar na lista de “neo-brucutus” do novo milênio, mas Close nunca acredita na possibilidade de dar a ela esses “presentes”, assim como não dá aos espectadores a possibilidade de terem em mãos um filme de ação genérico e esquecível que garantiria 90 e poucos minutos de pura diversão.


“Close” (UK/EUA, 2019), escrito por Vicky Jewson e Rupert Whitaker, dirigido por Vicky Jewson, com Noomi Rapace, Sophie Nélisse, Indira Varma e Eoin Macken.


Trailer do Filme – Close

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