Come Together | Wes Anderson é bom até vendendo roupas de inverno

Algumas boas ideias precisam de muito pouco para funcionar e Come Together, comercial da H&M (Hennes & Mauritz), uma multinacional de moda da Suécia, é um desses exemplos. O filme, de quase quatro minutos é dirigido por Wes Anderson é um verdadeiro deleite para os fãs do cineasta.

A história é simples, sobre um trem, provavelmente viajando durante o dia 25 dezembro, que tem sua chegada prejudicada por uma tempestade, dificuldade mecânicas e o desvio de sua rota que aumentaram a viagem de onze hora e meia. Sobra então para “Condutor Ralph” (Adrian Brody) tomar uma atitude desesperada organizar uma espécie de pequena festa para que o Natal de um “menor desacompanhado” não deixe a data passar em branco.

É lógico que depois disso se você quiser ir lá na H&M e comprar as roupas dos personagens, pode ficar à vontade, mas o que importa antes disso é que em pouquíssimo tempo, Wes Anderson te presenteia com uma pequena pérola. Confira.

E não é a primeira vez que Anderson assina uma peça publicitária, mas pela primeira vez faz isso como se fosse um filme seu (tem um do Soft Bank, com Brad Pitt que chega perto disso, mas só chega perto mesmo). Come Together vem carregado daquele jeito lúdico do diretor, onde tudo parece uma brincadeira.

Seu cenários parecem sair de algum tipo de fantasia simplista e limpa, onde nada está fora do lugar e tudo parece meio ultrapassado e retrô. Suas composições fixas e centralizadas combinam perfeitamente com seus movimentos de câmera retos e que nunca usam do próprio eixo. Mas talvez em Come Together o que mais impressione seja a “solução de seus problemas”.

Mesmo centralizado e certeira, sua câmera se mexe um pouco para mostrar o trem balançando, assim como em certo momento, em uma pequena passagem de tempo, você é surpreendido por um truque de iluminação que o coloca dentro de um túnel. Por fora do vagão, enquanto passei sem cortes pelas cabines, imita seu próprio estilo “casa de boneca” , mas sem precisar “cortar” o cenário, já que está fora do trem.

E falando em “fora do trem”, é delicioso perceber que toda trilha sonora (um coro) e o barulho da tempestade se misturam e só aumentam de volume quando alguém abre uma janela. Um detalhe de linguagem que demonstra uma preocupação de Anderson com todas camadas de seu filme. Seja ele um indicado ao Oscar, ou apenas para vender roupas.

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