Curvas da Vida

Antigamente, ainda no terreno da ficção, o piloto automático levava o passageiro em seu carro até onde ele quisesse, hoje, a tecnologia virou realidade e a única coisa que ele faz mesmo é manter a velocidade (talvez os aviões sigam mais a risca a expressão). Curvas da Vida Filme PosterEntretanto, no cinema, o termo nunca mudou de significado, ainda mais enquanto houver exemplos como Curvas da Vida.

Não que ele não chegue em seu destino, simplesmente o faz de modo monótono, como se empurrado por uma preguiça de tentar fazer algo minimamente diferente. E isso também não quer dizer que ninguém vá sair do cinema decepcionado, talvez até pelo contrário.

Curvas da Vida poderia ser considerado um filme mediano sobre baseball, um romance mediano e até um drama familiar mediano, mas prefere juntar tudo isso e se contentar com algo abaixo da média. Que conta a história de um olheiro de baseball veterano, Clint Eastwood, que começa a perder parte da visão bem no momento que suas habilidades profissionais são colocadas a prova dentro da administração do time em que trabalha. E para ajudá-lo em uma última “turnê” pelo interior dos Estados Unidos, ele ganha a companhia de sua filha (Amy Adams), uma advogada bem sucedida.

É lógico que enquanto discute a relação entre os personagens, Curvas da Vida chega a entreter (ainda que, mais para o final, escorregue feio em uma “motivação do passado” completamente exagerada e que pouco cabe no clima leve do filme), principalmente pela presença rabugenta/simpática de Eastwood. Com poucas palavras, comparando “yoga com voodoo” e, o tempo todo, tentando se livrar da filha, o clima bem humorado por vezes funciona, mas como nem isso é aprofundado, nem o resto ganha oportunidade de ter espaço, o filme acaba perdido em um limbo de emoções.

Dirigido por Robert Lorenz, que estreia como diretor depois de diversos trabalhos como assistente de direção do próprio Eastwood (o que deve ter pesado na hora do ator largar a aposentadoria para mais um filme… mesmo que interprete, praticamente, o mesmo personagem de Gran Torino), e escrito por Randy Brown, Curvas da Vida é honesto com o espectador e não inventa nada que se sobreponha á essa história, mas enquanto perambula pelo resto da trama o faz sem qualquer emoção que se agregue ao resultado final.

Curvas da Vida Filme

Tanto a tentativa de subtrama envolvendo a filha e um cargo de chefia, quanto a presença de um jovem olheiro, vivido por Justin Timberlake (sem contar uma linha que ainda apresenta um “espião”, com destino a até um copo de Martini, enviado por um dos chefes do protagonista), nada parece funcionar. Pior ainda, se aproveitando de um caminhão de clichês para compor todo esse cenário que orbita pai e filha, da presença de um garoto humilde a ser descoberto (que em certos momentos ganha enquadramentos sem função alguma a não ser a de não ser esquecido) até um obvio Complexo de Jocasta que move o romance entre Adams e Timberlake (até o carro dele é igual ao de Eastwood).

Já como filme de esporte, Curvas da Vida tenta capturar um pouco daquele baseball romântico, das Ligas menores e das cidades do interior lotando os pequenos estádios para verem “seus garotos”. Indo até um pouco contra a pragmatização numérica do recente Moneyball – O Homem que Mudou o Jogo, mostrando que o que vale ainda é o som da bola no bastão ou um simples “problema com a bola curva” (nome original), coisas que computador nenhum consegue “enxergar”. Ironicamente, andando por esses assuntos de modo mecânico e artificial, como se estivesse em um piloto automático traçado por alguma inteligência artificial qualquer.


Trouble With The Curve(EUA, 2012) escrito por Randy Brown, dirigido por Robert Lorentz, com Clint Eastwod, Amy Adams, John Goodman, Matthew Lillard e Justin Timberlake.


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