[dropcap]O[/dropcap] novo O Rei Leão está chegando, dessa vez em uma versão que beira o realismo e faz até muita gente chamá-lo de live action, mas acredite, ele será “apenas” mais um dos muitos desenhos clássicos da Disney. E isso não quer dizer pouco.
Foram mais de 50 animações que fizeram o século XX ser dominado por Walt Disney e suas produções que levavam adultos e crianças para uma terra de magia e emoção.
A Disney e os desenhos clássicos
Desde 1937 até hoje, a Disney vem se reinventando a cada lançamento. Os contos de fadas clássicos deram lugar à ação, que deram lugar aos contos de fada de novo. As animações tradicionais ficaram para trás diante do advento do computador. Gerações e mais gerações cresceram com esses personagens.
São 32 Oscars na prateleira, de um total de mais de 60 indicações. Só o próprio Walt Disney, enquanto vivo, levou para sua prateleira 22 estatuetas.
Tudo isso, porque a Disney nunca se permitiu ficar sentada esperando as coisas acontecerem, são 82 anos de história nos cinemas e uma energia e inquietação quase juvenis de ser melhor e única.
Confira então sete animações clássicas da Disney imperdíveis e que mudaram a história dos desenhos animados de um jeito único.
Desenhos clássicos da Disney que são obrigatórios
Branca de Neve | “Snow White and the Seven Dwarfs” (1937)
Não existe nada antes de Branca de Neve e os Sete Anões. São duas milhões de ilustrações e uma equipe de mais de 500 pessoas só para desenhar, pintar e animar tudo isso. Ajustado à inflação, é ainda o desenho animado que mais ganhou dinheiro nas bilheterias. E se contarmos a quantidade de VHSs e DVDs vendidos nas décadas mais próximas a hoje, os números se tornam incontáveis.
Branca de Neve foi ainda a primeira animação em longa metragem lançada nos Estados Unidos em circuito comercial. O resultado disso é um filme intocável e que colocou não só a Branca de Neve no imaginário coletivo, como a Bruxa e, é claro, Dunga, Zangado, Mestre, Dengoso, Soneca, Atchim e Feliz.
Fantasia | “Fantasia” (1940)
Considerado um dos maiores desastres da Disney nas bilheterias, Fantasia demorou para entrar para a história do cinema, mas quando o fez, mostrou o quanto a genialidade de Walt Disney estava muito à frente de seu tempo.
Na primeira vez que seu maior astro, Mickey Mouse, deus as caras em um longa nos cinemas, participou de um ode emocionante, único e extravagante à música clássica e a animação. O filme tem 125 minutos, um dos maiores da Disney, e é dividido em 8 segmentos onde a música clássica comanda animações incríveis e que até hoje fazem o filme ser uma inspiração de até onde essas duas artes podem ir juntas.
Bambi | “Bambi” (1942)
Depois dos sucessos de Branca de Neve (1937) e Pinocchio (1940… que não fez tanto dinheiro assim é verdade), a Disney entendeu o poder das lágrimas em Dumbo (1941)… mas talvez ninguém estivesse preparado para Bambi no ano seguinte.
Bambi será eternamente lembrado, não só por colocar “O Homem” como um dos maiores vilões da história do cinema, como ainda por ser a primeira animação a contar apenas com animais em sua história (o “Homem” não aparece). Para muita gente, a morte da mãe do Bambi ainda é um dos momentos mais tristes da história do cinema. Portanto, é preciso passar por esse momento para entender a importância da Disney nos cinemas.
A Bela e a Fera | “Beauty and the Beast” (1991)
Em 1991 A Bela e a Fera foi a primeira animação da Disney a ser indicada ao Oscar na categoria de Melhor Filme (somente em 2009, Up-Altas Aventuras repetiu o feito). Já no Globo de Ouro, foi a primeira animação a ganhar na categoria Melhor Filme – Musical ou Comédia. E só isso seria suficiente para o filme estar nessa lista, mas tem mais.
Além de estar no alto da capacidade dos desenhos tradicionais, A Bela e a Fera já ensaiava uma bem vinda parceria com a computação, o que deu ao filme um visual incrível e que surpreendeu os espectadores. Fora isso, é ainda uma história de amor pura e simples (com algumas ressalvas, mas isso a gente deixa para depois…), sem grandes aventuras ou ação, isso fez com que o filme se tornasse a paixão de muita gente, até hoje!
O Rei Leão | “The Lion King” (1994)
O Rei Leão é um fenômeno. Simples assim. Obviamente baseado em Hamlet (e no mito de Osíris… que é praticamente a mesma história), o filme na verdade foi realizado pelo “time B” de animadores da Disney, enquanto o principal cuidava de Pocahontas (todo mundo sabe quem levou a melhor), mas é seu tom épico que conquistou o público.
Tudo em O Rei Leão é gigantesco. O drama, a dor, a vingança, os ritos de passagem, a transformação em adulto, a volta para casa, o vilão… enfim, tudo tem cara de blockbuster em uma época onde o cinema respirava essas grandes produções. Mas talvez poucas tenham sido tão grandes quanto essa. Sem contar, é claro, a música de Elton John que talvez tenha se tornando uma das maiores da história dos desenhos clássicos da Disney.
Mulan | “Mulan” (1998)
Ainda que Ariel não seja propriamente uma “moça branca” e a Pocahontas esteja realmente ligada a uma minoria étnica, é Mulan, chinesa, que, em 1998 talvez demonstre que a Disney estava preparada para um novo século com diversidade. Mais ainda, uma personagem empoderada e que é o pontapé inicial para uma Disney que hoje deixou de lado um pouco daquela imagem de princesinha clássica. Sua protagonista aqui, ainda que ligada a um personagem masculino, é forte, traça seu próprio destino e enfrenta um exército.
É bom lembrar ainda que Mulan é apenas a segunda “princesa da Disney” a usar calças, a primeira foi a Jasmine em Aladdin. Assim como quase ganhou uma classificação indicativa mais alta por usar a palavra “cross-dresser”.
Frozen | “Frozen” (2013)
As portas que Mulan abriram em 1998 foram escancaradas em 2013 com Frozen. Pela primeira vez na história da Disney as mulheres conseguiam se enxergar perfeitamente representadas por elas mesmas, sem príncipes encantados, sapos, figuras paternas e grandes heróis. Era a hora perfeita para mostrar que a Casa do Mickey tinha entendido que era possível contar uma história onde suas princesas precisavam apenas delas próprias para vencerem em suas jornadas.
E se você homem acha que isso é um exagero, acredite, nenhuma dessas palavras ai de cima são minhas, mas sim um reflexo de um público feminino que sentiu a emoção da representação. Não é e nunca foi uma questão de negar o passado, mas sim de entender que o futuro tem inúmeros possibilidades e leituras que abraçam a todos e todas (principalmente “todas”, já que essas sempre ficaram de lado). E Frozen é um pouco disso tudo, o que já o tornou um dos desenhos clássicos mais admirados e amados da Disney!