Dezesseis Facadas | Limite da paciência

Talvez não exista limite para o humor. Ou exista… difícil chegar a uma conclusão. Mas com certeza não existe limite para o humor quando o assunto é o terror. Desde que exista monstros, assassinos, sustos e vítimas prontas a serem massacradas, pouco ou muitos risos nunca serão um problema. Nem se levar muito a sério o filme precisa. Falta de qualidade também não tem limite. Não é mesmo Dezesseis Facadas?!

Mas talvez ele nem seja um filme de terror, seja só uma comédia ruim que tromba em um slasher. Em qualquer um dos casos também ele não funciona. Tem menos boas piadas do que uma comédia deveria ter e menos terror do que os fãs de um bom slasher gostariam. Tem também uma máquina no tempo que é ainda mais ridículo que a cabine telefônica do Bill & Ted. Mas eles não estavam levando aquilo a sério enquanto Dezesseis Facadas não deixa isso tão claro nessa ideia.

A tal máquina do tempo está no centro do filme e tenta se explicar através de uma jovem criativa e uma feira de ciências no meio de um parque de diversões abandonado. Tudo bem, esqueçam isso, é uma máquina do tempo e pronto. Tente curtir o resto. Se é que é possível.

Jamie Hughes (Kiernan Shipka, que você conhece das séries Sabrina e Mad Man) é uma jovem de 16 anos que vive em uma cidade famosa por seu serial killer, um cara vestido com uma máscara que mistura a personalidade digital Max Headroom (que você não deve conhecer), com Billy Idol (esse você deveria conhecer!). O assassino é conhecido por ter cometido três assassinatos 32 anos atrás. Três meninas de 16 anos com 16 facas em cada uma.

O problema é que o tal assassino volta a atacar e Jamie só consegue fugir, pois entra na tal máquina do tempo e vai parar em 1987, dias antes da morte da primeira vítima. Tempo suficiente para tentar descobrir quem é o assassino enquanto vive um pouco os anos 80 e faz um monte de piadas sob a ótica de uma menina chatinha dos anos 20 do século 21.

É lógico que Jamie carrega com ela um monte de boas tiradas sobre as “selvagerias” dos anos 80. E ainda que a atriz dê conta do recado e construa uma heroína simpática, perspicaz e que se entrega quase a um ritmo de paródia, isso também não vai longe o suficiente para ser o foco do filme.

Do mesmo jeito que a máquina do tempo parece mequetrefe demais para convencer qualquer um, até em termos de piada, todos as possibilidades do filme seguem o mesmo rumo. Portanto, se manter com paciência dentro do filme é quase impossível.

Junte a isso uma direção ruim de Nahnatchka Khan, destrambelhada, sem saber como valorizar seus planos e até se perdendo geograficamente dentro de algumas cenas (você não sabe que personagem está em qual lugar da cena e coisas desse tipo). Tudo fica ainda pior com mortes sem personalidade e uma quantidade absolutamente baixa de sangue de CGI.

Sem contar, é óbvio, um assassino serial sem nenhuma personalidade e uma motivação que não tem peso algum e nem empolga como surpresa. Pior ainda, a solução para o espectador lembrar dos personagens no futuro é quase um certificado assinado de que o roteiro não foi capaz de registrar aquelas pessoas nas mentes dos espectadores cinco minutos antes. Um texto que parece ter sido escrito a seis mãos, mas com muito menos de três cérebros.

E se depois de tudo isso você continuar “dentro do filme”, duvido que isso continue depois que você der de cara com um iPhone que tem uma bateria que dura quase três dias. Porque suspensão de descrença tem limites!

Talvez seja esse o maior problema de Dezesseis Facadas, essa falta de acordo entre seus realizadores e seus espectadores. Como se as intenções do primeiro não fossem condizentes com aquilo que o filme entrega para quem mergulhar nessa tentativa ruim de fazer um filme de terror… ou uma comédia… talvez uma sátira… com certeza apenas uma ofensa.

“Totally Killer” (EUA, 2023); escrito por David Matalon & Sasha Perl-Raver e Jen D´Angelo; dirigido por Nahnatchka Khan; com Kiernan Shipka, Olivia Holt, Charlie Gillespie, Lochlyn Munro, Troy Leigh-Anne Johnson, Liana Liberato, Kelcey Mawema, Stephu Chin-Salvo, Anna Diaz, Ella Choi, Jeremy Monn-Djasngar, Nathaniel Appiah, Randall Park e Jonathan Potts.

SINOPSE – Uma jovem precisa volta no tempo, até 1987, para impedir um serial killer de continuar sua série de mortes em 2023. Mas mais difícil que isso será enfrentar os anos 80.

Trailer do Filme – Dezesseis Facadas

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