Do Jeito Que Elas Querem Filme

Do Jeito Que Elas Querem | Uma comédia romântica madura


[dropcap]D[/dropcap]iane Keaton, Jane Fonda, Mary Steenburgen e Candice Bergen interpretando um grupo de amigas que, há décadas, se reúne toda semana para seu clube do livro e, é claro, para trocar conselhos, mágoas, alegrias e experiências. Que filme precisa de mais do que isso para divertir? E Do Jeito Que Elas Querem é certamente envolvente e carismático, ainda que convencional.

A viúva Diane (Keaton), a solteira convicta Vivian (Fonda), a divorciada Sharon (Candice Bergen) e Carol (Steenburgen), cujo casamento caiu em uma rotina nada empolgante, enfrentam cada uma problemas diferentes em relação a sexo. É aí que Vivian, dona de um badalado hotel em Los Angeles, recomenda que a obra da vez no clube do livro seja Cinquenta Tons de Cinza. Esse novo mundo de possibilidades sexuais que elas descobrem com Christian Grey e Anastasia Steele deixa-as mais abertas (mas não menos conflituosas) às experiências que terão a seguir: Diane conhece um charmoso piloto de avião (vivido por Andy Garcia), Vivian reencontra um antigo namorado, Arthur (Don Johnson), Sharon decide aventurar-se pelo mundo dos apps de namoro e Carol cria coragem para tentar apimentar as coisas com o marido, Bruce (Craig T. Nelson).

A partir daí, o diretor estreante Bill Holderman, que também assina o roteiro ao lado de Erin Simms, equilibra bem o lado romântico que é o foco da trama com a relação familiar, íntima e afetuosa entre as quatro personagens, que é a principal força de Do Jeito Que Elas Querem. Assim, ainda que a produção se beneficiasse de mais cenas com as quatro juntas simplesmente batendo papo e provocando umas às outras, pelo menos essas mulheres rapidamente se estabelecem como pessoas multifacetadas e independentes.

Entretanto, nesse sentido, aquela que possui a personalidade mais forte e irreverente é quem mais sofre – a Vivian de Jane Fonda, apesar de vivida de forma nada estereotipada pela atriz, encaixa-se no clichê da “mulher bem-sucedida que trocou o amor pelo trabalho”; a única solteira “a longo prazo” do grupo teve que estabelecer-se também como aquela que efetivamente negou-se a formar qualquer conexão romântica significativa em vez de ter simplesmente… escolhido não se casar.

Pelo menos, a química entre Fonda e Johnson é natural e eficiente, fazendo com que compreendamos por que ela decide dar uma nova chance a ele. Enquanto isso, Keaton passeia com seu talento e naturalidade habituais entre a possibilidade de um novo romance após a morte de seu marido e seu conflito com as duas filhas, que moram em outro estado e que insistem em tratar a mãe como uma inválida prestes a cair morta a qualquer momento.

Do Jeito Que Elas Querem Crítica

Bergen, por sua vez, beneficia-se da compreensão de Holderman quanto ao fato de que a história de Sharon diz respeito principalmente à realização dela de que ela merece encontrar alguém depois da decepção que foi o fim de seu casamento, e não exatamente sobre os homens que ela conhece a partir daí. Aliás, é interessante notar como o longa aborda, por meio do ex-marido de Sharon, também a forma com que os homens mais velhos comportam-se quando o assunto é sexo e romance. Em um típico gesto de “homem em crise de meia-idade”, Tom (Ed Begley Jr.) larga a família e, agora, está namorando uma mulher com pelo menos metade de sua idade. Por fim, a doce Carol de Mary Steenburgen, que injeta a personagem de vitalidade, vive a subtrama mais rotineira da obra, mas também tem direito a uma conclusão, literalmente, espetacular.

Abordando diferentes aspectos e desafios que as mulheres mais velhas enfrentam no mundo do amor e da atração de maneira leve e divertida, é uma pena que Do Jeito Que Elas Querem insista em transformar o interesse sexual delas em piada, trazendo diversos momentos, por exemplo, em que personagens mais jovens chocam-se simplesmente por estarem ouvindo pessoas na terceira idade falando sobre sexo (e o filme força isso especialmente quando traz Sharon e seu marido literalmente gritando a palavra no quintal enquanto um casal vizinho passa). Além disso, conflitos como o entre Diane e suas filhas são resolvidos absurdamente rápidos, com conclusões forçadas até mesmo para os padrões hollywoodianos.

Mas Do Jeito Que Elas Querem é formado por suas atrizes magníficas que, ao longo de suas desventuras amorosas, deparam-se com rostos familiares ao público. Com isso, o filme estabelece-se como uma produção que envolve de forma tranquila e aconchegante, colocando-nos facilmente no meio das rotinas dessas personagens fascinantes. E quem disse que a terceira idade também não tem direito a uma boa e velha comédia romântica?


“Book Club” (EUA, 2018), escrito por Bill Holderman e Erin Simms, dirigido por Bill Holderman, com Diane Keaton, Jane Fonda, Mary Steenburgen, Candice Bergen, Andy Garcia, Craig T. Nelson, Don Johnson, Richard Dreyfuss, Alicia Silverstone e Katie Aselton.


Trailer – Do Jeito Que Elas Querem

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