Ainda que a primeira coisa que apareça na tela de Elsa e Fred seja os nomes de Shirley MacLane e Christopher Plummer, e é sempre um prazer enorme ver esses dois mitos trabalhando, é difícil entender por qual razão, a não ser tirar as legendas, o filme existe.
Explicando melhor, Elsa e Fred já foi um filme espanhol de sucesso em 2005, daqueles que ganham a simpatia de todos e acaba sendo visto por uma legião de espectadores, muito provavelmente até grande parte dos americanos. Então por que contar novamente a mesma história?
Nela, MacLane interpreta uma senhora com seus 70 anos, daquelas meio doidonas, que dirige um carro vagabundo, escuta rap no talo e faz de tudo para enlouquecer o filho certinho enquanto ajuda o outro filho artista. Já seu recém chegado vizinho é um viúvo vivido por Plummer, rabugento clássico, daqueles que todos se apaixonam logo de cara.
Todo esse mal humor dele então se torna uma espécie de projeto dela: fazê-lo descobrir que ainda dá tempo de ser feliz, seja a idade que tenha. Uma lição que perdura pelo filme e é até bonitinha, mas soa tão desempolgante que é difícil acreditar que a ideia era se apoiar nela para chegar até o final da história.
Pior ainda quando ela vai sendo empurrada para frente com um punhado de conflitos pouco inspirados. Não é surpresa alguma quando mais lá para frente um deles descobre ter uma doença terminal, assim como o sonho deles acaba sendo realizado em preto e branco. Uma falta de surpresa que só segue a falta de interesse do resto do filme.
Porém, é lógico que o amor dos dois é simpático e bonitinho, e isso só melhora quando os dois atores, mesmo sem muito esforço, entregam muito mais que qualquer um pode esperar. Plummer e MacLane são sensacionais, e mesmo sem muito material para se apoiar, e com todos defeitos e escorregões, ainda são o melhor do filme e fazem tudo valer minimamente a pena.
Isso, ainda coroado com uma trilha sonora mais bobinha ainda que a história toda, que só dita o óbvio e completa tudo sem empolgar ninguém. Uma experiência insossa, que não passa da linha do bonitinho, mas conquistará parte dos seus espectadores pela presença da dupla, ainda que eles e os espectadores merecessem um pouco mais.
“Elsa & Fred” (EUA, 2014), escrito por Michael Radford e Anna Pavignano, dirigido por Michael Radford, com Shirley MacLaine, Christopher Plummer, Marcia Gay Harden, Scott Bakula, George Segal e James Brolin.