Encontros | Tácito e velado

Encontros é um abraço de “oi, sumido” em um mundo pós-apocalíptico. E por apocalipse eu quero dizer a pandemia que varreu as relações humanas para debaixo do tapete. Agora é a hora da reconstrução.

O rápido filme em quatro atos do diretor coreano Hong Sang-soo (A Câmera de Claire) comenta, em um melancólico e burocrático preto e branco, reencontros entre amigos, amantes, família e profissionais. Todos após longo hiato. Há mudanças de expectativa o tempo todo na história. Inclusive troca de papéis no meio de uma sequência.

Para fazer um carinho no caos iminente nas relações que tateiam o território do outro com cautela os diálogos são simples a ponto de serem esquecidos no meio da cena.

A câmera estática e tímida quase nunca se move. Só quando precisa. Ela enfoca essa retomada de vidas com um otimismo honesto, mas evita construir rimas. A montagem é chapada, quase inexistente.

É um filme de teatro, onde as expressões dos atores comandam o tom, mas eles também estão tímidos. Tanto que quando um diálogo desajeitado – e há mais de um – é proferido sentimos vergonha alheia. Mas ninguém no recinto percebe.

Não olhamos para Encontros com reação alguma e o filme não impõe sentimentos. É um acordo tácito e velado. Vamos com calma, um reencontro de cada vez. Afinal, há muitos “oi, sumido” aguardando na fila. E nem sempre saberemos se vamos conseguir de maneira adequada. Se é que lembramos o que era adequado antigamente.


“Introduction” (Kor, 2021); escrito e dirigido por Hong Sang-soo; com Seok-ho Shin, Mi-so Park e Young-ho Kim.


Trailer do Filme – Encontros

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