Entre Rosas | Modesto, sincero e florido

Pelo menos alguma coisa você irá aprender em Entre Rosas: enxerto, hibridização, fecundação por eugenia, colheitas fora de época e (principalmente!) como filmes franceses economizam drama em seu terceiro ato.

O filme de Pierre Pinaud e seu batalhão de roteiristas passeia pelo subgênero de superação após decadência de uma protagonista nostálgica e melancólica. Ela perdeu o pai, um floricultor de prestígio, há 15 anos, e o mundo mudou em sua volta, mas ela não. Depois de perder pela oitava vez consecutiva uma premiação de melhor criação para a personificação da indústria e do capitalismo, ela terá que se mexer para aprender uma lição ou duas de que tudo muda, mas é a essência que permanece.

A aventura conduzida por Pinaud é modesta, ligeiramente engraçada e introduz seus poucos personagens para fazer volume. O único que importa, fora a participação competente de Catherine Frot Marguerite (2015), é de Fred (Melan Omerta), um jovem renegado pelos seus pais e que possui um dom que pode mudar sua vida criminosa. O encontro da florista vintage e a nova geração é a muleta que move o clichê de vencer os desafios da vida.

O tema de flores é usado em um tom documental, isolado da história. Cada detalhe que aprendemos é um episódio da National Geographic. Eles alternam entre a história ficcional e o mundo das flores, em particular as rosas, avançando um pouquinho de cada vez. Faz o espectador ser hipnotizado pelo ritmo mais do que pela sua narrativa.

A beleza das rosas não é suficiente neste filme que dialoga demais e mostra de menos. Como qualquer trabalho intelectual ele corre o risco de perder o espectador pelas beiradas se não houver paixão suficiente que mova essas pessoas. E não há. Todos estão no piloto automático na missão de salvar a arte de criar flores, mas se tudo der errado não é como se fosse um grande desastre. Um pequeno incômodo no pior dos pesadelos.

O conflito principal é se a florista aceita ter o negócio de seu pai aglutinado pelo “tycoon” da área (papel de Vincent Dedienne). Ela poderia iniciar uma linha especial de grife trabalhando para ele, tendo acesso a recursos para suas futuras criações. O CEO diz que a admira e não há motivos para pensarmos o contrário. Não há nada que ela tenha que ele já não tenha conquistado na última década. Fica um gostinho de orgulho bobo francês pelo individualismo que está fora de moda. E estar fora de moda não costuma ser a dança dos franceses.


“La Fine Fleur” (France, 2020); escrito por Fadette Drouard, Blandine Jet e Philippe Le Guay; dirigido por Pierre Pinaud; com Catherine Frot, Manel Foulgoc e Fatsah Bouyahmed.


Trailer do Filme – Entre Rosas

Continue navegando no CinemAqui:

DEIXE UM COMENTÁRIO

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Menu