Especial – Top 6 Hitchcock

Alfred Hitchcock nasceu em 13 de agosto de 1899 em uma cidadezinha próxima a Londres, na Inglaterra, e morreu em 1980 em Los Angeles. Nesse meio tempo, não só conquistou o mundo do cinema, como deixou um legado que, muito provavelmente, nenhum outro diretor, vivo ou morto, vá conseguir nem chegar perto.

Mais de trinta anos depois de sua morte ainda não há pessoa na face da terra que não saiba quem é Alfred Hitchcock, talvez uma pequena parcela de crianças nascidas de 2000 para cá sejam uma exceção, mas mesmo elas, quando dão de cara com a frieza de Festim Diabólico, com o suspense estático de Janela Indiscreta ou com a reviravolta de Psicose acabem descobrindo que o cinema ainda não conseguiu fazer nada melhor do que isso. Mesmo com todos os efeitos digitais, terceiras dimensões e robôs gigantes.

Portanto, aqui vai um pequeno e humilde top 6 de filmes do “mestre do suspense” que podem servir de trampolim para o resto de sua carreira. Sete, por que eram cinco, que abriram lugar para mais dois e que se transformariam em dez, vinte ou Top 50 se eu não colocasse rapidamente eles no ar. E sem esquecer que esses não são “os melhores”, mas sim aqueles que, sem dúvida nenhuma, permanecem “mais frescos” mesmo diante das décadas que se passaram.

Festim Diabólico (Rope, 1948, escrito por Arthur Laurents e Hume Cronyn, a partir de uma peça de Patrick Hamilton)
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Se para a época a ideia era revolucionária, mais tarde nem o próprio Hitchcock acabou achando algo interessante (e não só pelo enorme trabalho de produção). A tal ideia então era fazer um filme sem cortes, em um grande plano sequencia que acompanhasse a festa que esses dois psicopatas dão depois de matar um colega deles e escondê-lo dentro de um baú bem no meio da sala. E talvez seja aqui que o diretor melhor consiga explorar seu conceito de suspense, onde diz que o verdadeiro sentimento é quando se mostra ao espectador que há uma bomba na sala, porém a enche de personagens em volta dela.

Pela época, o diretor não conseguiu tal façanha sem corte, o que o obrigou a “esconder” esses nove cortes (cada rolo só filmava dez minutos). Mas como o próprio disse anos depois, a montagem dá uma vida ao cinema e aquilo (para ele) acabou soando muito mais como um exercício estético que ele não voltaria a tentar fazer. Mas que é divertido, isso ninguém tem dúvidas.


Disque M Para Matar (1954, Dial M for Murder, escrito por Frederick Knott e adaptado de sua própria peça)
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E se você achava que 3D é coisa de Avatar, fique sabendo que muito antes dele, lá pelos anos 50 já houve uma onda semelhante, e Hitchcock, como não poderia deixar de ser, deu um jeito de experimentar esse negócio de 3D. Mas isso fica apenas no terreno da curiosidade, por que o grande legado de Disque M é realizar um filme tão poderoso e tenso, desde sua apresentação até seus momentos de clímax, onde o diretor continua afundando o espectador na poltrona enquanto vê esse plano de assassinato em andamento bem diante de seus olhos.

O filme ainda ganhou uma nova versão em 1998, Um Crime Perfeito, com Michael Douglas, Viggo Mortensen e Gwyneth Paltrow no papel que era de Grace Kelly, e um ótimo exercício é tentar ver os dois e perceber o quanto o primeiro ainda funciona muito mais.


Janela Indiscreta (1954, Rear Window, escrito por John Michael Hayes a partir de um conto de Cornell Woolrich)
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Mesmo já diante de 20 anos de carreira e um monte de filmes mais que louváveis, talvez “Janela Indiscreta” seja sua primeira obra-prima. E não só pela história sensacional, mas por juntar no mesmo lugar tudo aquilo que mais caracterizou a carreira do diretor: seu ator preferida, sua loira do momento, um suspense cheio de tensão, uma certa megalomania e um apuro técnico que impressiona.

O ator era James Stewart, a atriz era Grace Kelly, o suspense era deixar o espectador preso à uma cadeira de rodas junto com o protagonista observando de longe toda a ação, a megalomania é dele ter construído todo quarteirão onde o filme se passa dentro do estúdio da Paramount (sim, aquela visão do quarto de Stewart é real!) e o apuro técnico é por saber que ele tinha controle absoluto (como era corriqueiro) de todos os movimentos de câmera e cortes bem antes de conseguir juntar todos esses fatores.


O Homem que Sabia Demais (1956, The Man Who Know Too Much, escrito por John Michael Hayes)
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E aqui poderia estar qualquer filme onde Hitchcock joga o coitado de um personagem no centro de uma intriga muito maior do que ele imagina e faz o mundo o perseguir, como o próprio original do mesmo, filmado em 1934 (na sua fase inglesa), ou Sabotador (1942), o clássico Intriga Internacional (1959) e até o mais novo Cortina Rasgado (1966). Mas nenhum deles foi movido pelo simples “toque dos címbalos” e um dos momentos mais tensos da carreira do diretor.


Um Corpo que Cai (1958, Vertigo, escrito por Alec Coppel e Samuel Taylor, a partir do livro “D´Entre Les Morts” de Pierre Boilen e Thomas Narcejac)
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Recentemente a respeitada revista Sight & Sound em sua votação que acontece toda década (diante de uma lista de críticos e outras autoridades) elegeu Um Corpo que Cai como melhor filme da história do cinema (desbancando Cidadão Kane depois de 50 anos), e se isso não é razão suficiente para que esse filme seja uma belíssima porta de entrada para as obras do diretor, poder dizer sem pestanejar que ele talvez seja o filme mais maduro e profundo de Hitchcock deve convencer todos a o verem.

Maduro e profundo, por que é fácil perceber nele o quanto Hitchcock não só se diverte com um suspense cheio de reviravoltas, como ainda de um filme de amor doloroso (para o protagonista) e quase um terror psicológico. Tudo isso cercado de um Hitchcock preciso e objetivo em cada movimento e enquadramento.


Psicose (1960, Psycho, escrito por Joseph Stefano, a partir do livro de Robert Bloch)
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E por último, mas bem longe de ser o menos importante, está um de seus maiores sucessos, tanto de bilheteria quanto de crítica e público, já que até hoje deve ser o filme mais lembrado do diretor, e não é para menos, pois muita gente deve ter seus tampões da cabeça explodidos diante desse autêntico filme de terror. O que era inesperado dentro da carreira do diretor, que nunca pareceu muito à vontade com esse tipo explicito de gênero.

Enfim, se você não viu, veja, mas tente não saber nada a respeito e seja atingido por um número enorme de surpresas. E se você já viu, tente encontrar alguém que ainda não tenha visto, acompanhe–o(a) e fique observando uma pessoa ser verdadeiramente surpreendida com um filme e perceba o quanto é delicioso um cinema bem feito.

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