Esquadrão 6 | Gigante… já que tem mais de duas horas


[dropcap]T[/dropcap]irando todos Transformers, que não fazem o menor sentido desde que Optimus Prime cruzou o caminho do Shia Labeouf pela primeira vez, Michael Bay é um diretor de filmes gigantescos e que são a cara do gênero em Hollywood. Esquadrão 6 talvez seja um de seus maiores, principalmente porque tem mais de duas horas de duração.

Tudo bem, isso pode ser um exagero já que Pearl Harbor tem três horas de duração, Armageddon, duas horas e meia e A Rocha apenas 15 minutos a menos. Resumindo, Esquadrão 6 não é um de seus maiores filmes. Por mais que, se todos esses tivessem suas cenas em slow motion reproduzidas na velocidade normal, muito provavelmente nenhum desses tivesse mais de 90 minutos.

Outro ponto importante que liga todos esses filmes é a incapacidade de Michael Bay de perceber que nem todo plano filmado por sua câmera deveria ser considerado um épico sem cortes que duraria um segundo se não estivesse em slow motion (sim, parece “bater na mesma tecla”, mas é que são muitos mesmo!). Portanto, Esquadrão 6 tem a mais absoluta certeza que é tão grande, que nem percebe que não é.

Talvez até fosse uma história interessante na mão de alguém com um ego menos inflado. Paul Wernick e Rhett Reese, que estiveram com Ryan Reinolds escrevendo os dois Deadpool e o interessante (mas remake escondido de Alien), Vida, além do divertido Zumbilandia, escrevem um roteiro que tem boa vontade, mesmo estapafúrdio.

Nele, Ryan Reynolds vive Um, Mélanie Laurent, Dois, Manuel Garcia-Rulfo, Três, Ben Hardy, Quatro, Adria Arjona, Cinco e Dave Franco, seis. Nenhum deles tem nome, pois estão mortos para o resto do mundo, mas vivos para se juntarem em um “esquadrão classe A” genérico que tem como objetivo principal acabar com os caras maus, nem que isso signifique colocar qualquer cidade de pernas para o ar em uma perseguição de carro que junta absolutamente tudo que faz de Michael Bay um cara branco descontrolado e com dinheiro sobrando para muitas explosões e efeitos especiais.

Mais tarde, um deles morre e entra em cena Corey Hawkins como Sete, que também serve de desculpa para eles poderem contar os antigos detalhes para o novato e permitirem que o espectador entenda mais ou menos o que está acontecendo e onde toda essa bagunça quer chegar.

O maniqueísmo toma conta de qualquer tipo de bom senso e os corpos dos capangas dos bandidos voam, são destroçados, sangram e se empilham em closes rebuscados e um exagero visual incrivelmente desinteressante e irritante. Não existe detalhe que não seja jogado na cara do espectador e nem camada que esteja por trás de qualquer intenção de Bay e seus roteiristas.

Portanto, não espere explicações razoáveis de corpos seminus com diálogos expositivos e algumas bundas em close como se estivesse filmando algum clipe dos anos 90 de alguma banda ou artista que hoje estaria esquecido. Também seria interessante que Bay tivesse sido esquecido pelos anos, mas não é isso que aconteceu.

E não só ele se leva a sério (as montanhas de dinheiro com suas bilheterias devem ajudar), como Esquadrão 6, mesmo sendo uma piada, acaba se levando muito mais a sério do que deveria. A narração Reynolds se leva a sério, mesmo que isso não faça qualquer sentido, já que seu personagem acaba falando muito mais do que agindo. E tudo piora.

Reynolds convenientemente é o alívio cômico e é perigoso quando precisa, derrubando alguns vilões com golpes de artes marciais, mas também fazendo o papel do nerd com medo de ação, gritando dentro do carro enquanto a cena parece ter sido coreografada por um garotinho e um punhado de Hot Wheels.

O filme não decide o que quer da vida, se quer não se levar a sério como uma espécie de Velozes e Furiosos com mais slow motion e sequências de ação maiores e menos malucas, ou alguma outra coisa que é difícil imagina. Entretanto, Michael Bay pode ser um descontrolado com mania de grandeza, mas é impossível não aceitar que ele tem a mão perfeita para cenas de ação. Esquadrão 6 é talvez a produção mais interessante de Bay após suas maluquices visuais de Bad Boys.

Esse lado, “filme de ação gigante” talvez ajude um pouco a fazer o filme passar menos problemático diante do crivo de quem busca um filme que faça sentido e o final não envolva um imã gigante e a mais absoluta falta de senso. Uma resolução que ainda acha estar fazendo algo genial com uma surpresa que não encaixa e um epílogo sentimental que todo mundo deve esquecer.

São mais de duas horas de duração com vilões sendo destruídos e mortos aos borbotões, com muitos efeitos digitais e aquela vontade de colocar personagens bidimensionais em perigos unidimensionais. Nada muito diferente da carreira de Michael Bay. “Então por que você ainda está esperando algo melhor e cobrando o Mr. Bay disso?”, você me perguntaria, e sinceramente eu não sei dizer.


“6 Underground” (EUA, 2019), escrito por Paul Wernick e Rhett Reese, dirigido por Michael Bay, com Ryan Reynolds, Mélanie Laurent, Manuel Garcia-Rulfo, Ben Hardy, Adria Arjona, Dave Franco, Corey Hawkins, Lior Raz e Payman Maadi.


Trailer do Filme – Esquadrão 6

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