[dropcap]P[/dropcap]ara um filme tão despretensioso, chega a ser impressionante o quão chato Falcons em Jogo consegue ser. Produção franco-belga de 2018, o longa chegou recentemente ao catálogo da Netflix Brasil, onde deve desaparecer sem deixar vestígios em meio aos outros títulos.
Depois de vencer uma partida longe de casa, as garotas do time de vôlei Falcons retornam para sua cidade em uma van conduzida pelo treinador do time (Victor Artus Solaro). Liderado pela capitã Hazuki (Anne-Solenne Hatte), o time é formado também por Tatiana (Margot Dufrene), Lise (Camille Razat), Dany (Dany Verissimo-Petit), a desajeitada M.A. (Louise Blachère), a promissora Jeanne (Tiphaine Daviot) e a a agressiva Morgane (Manon Azem). Porém, ao se depararem com uma estrada fechada, o grupo é obrigado a se desviar do caminho planejado, onde tornam-se alvo de uma gangue de caipiras fascistas. Ou algo assim. As garotas, é claro, vão precisar descobrir o verdadeiro significado de “trabalho em equipe” para sobreviver.
Pouca coisa acontece em Falcons em Jogo além de uma série de conflitos e mortes, o que definitivamente não é um problema, considerando a proposta do longa. É um grande problema, entretanto, o fato de tudo isso acontecer de forma absurdamente entediante — se salvam apenas a cena que envolve dois assassinatos cometidos em sequência por Morgane e outra em que as jovens recorrem a suas habilidades no vôlei para enfrentar seus agressores.
Todo o restante, porém, faz com que as enxutas 1h17min de duração do filme se arrastem, já que o senso de humor é absurdamente imaturo e repetitivo e as sequências de ação, tirando as duas já citadas, desperdiçam a roupagem dinâmica que o longa apresenta na montagem de Sébastien de Sainte Croix e a energia presente nas cores quentes da fotografia de Sascha Wernik.
O fato de os assassinos serem o resultado óbvio de algumas gerações de incesto é comentado por uma das personagens, que reconhece isso pelo clichê que é, mas é aí que se esgotam as possibilidades metalinguísticas do longa. Afinal, nem mesmo o narrador-cantor que nos conduz pela história e aparece em momentos pontuais, como um coral grego de um homem só, consegue trazer alguma originalidade real para a obra.
Outro grande empecilho é que Falcons em Jogo é um filme que coloca um olhar extremamente masculino sobre suas personagens femininas. Não resistindo à oportunidade de sexualizá-las em duas sequências completamente desnecessárias mesmo diante do absurdo do restante, o diretor Olivier Afonso (que assina o roteiro ao lado de Jean-Luc Cano) parece não perceber que a estupidez de todos os homens que aparecem no longa diminui também a suposta inteligência das garotas — o quão estrategistas e espertas elas realmente precisam ser para enfrentarem esses caras? — ou que a falta de noção do treinador do time é a oportunidade perfeita para encher o longa de xingamentos misóginos.
Esse sexismo velado também está presente na própria dinâmica entre as garotas, que passam a maior parte de seu tempo discutindo por terem ciúmes uma da outra e por disputarem a atenção masculina, seja de um namorado, seja do olheiro de um time profissional de vôlei. É a ideia que marmanjos têm de como garotas adolescentes se comportam, falam e se relacionam entre si. Afonso, pelo menos, se sai melhor nos efeitos especiais deliciosamente trash da obra — antes de estrear aqui na direção, ele trabalhou por anos como maquiador de efeitos especiais, mais notadamente no ótimo Raw, de 2016.
Apesar de sua curta duração, Falcons em Jogo tem poucas qualidades para envolver o espectador e definitivamente sumirá da minha memória assim que eu terminar de escrever este texto.
“Girls With Balls” (Fra/Bel, 2018), escrito por Olivier Afonso e Jean-Luc Cano, dirigido por Olivier Afonso, com Manon Azem, Tiphaine Deviot, Dany Verissimo-Petit, Camille Razat, Anne-Solenne Hatte, Louise Blachère e Victor Artus Solaro.
1 Comentário. Deixe novo
Esse filme é ridículo.. não acredito que gastei meu tempo vendo isso kkkk fora os efeitos especiais kkk o sangue, a explosão.. meeeeo kkkkkk o filme é um lixo. Eu só assisti pq no Netflix tem 95% de joinhas.. Galera foi sacana pra caramba kkkk
Abrçs