Gênios do Crime não é o melhor momento de ninguém do seu elenco. Porém, também não é o pior. É apenas aquela sensação de que já vimos isso antes, e embora não exatamente daquela forma, não chega a ser tão diferente de qualquer comédia de situação. E, como eles mesmos admitem, ainda é um filme de roubo a banco. Sim. Mais um filme de roubo a banco.
Esse, baseado em eventos reais, de um dos maiores roubos (em valores monetários) da história dos EUA, não tem muita margem para mudanças, mas elas acontecem e aos montes. Não estamos diante de atores acostumados com verossimilhança, então a primeira e marcante mudança é que os personagens não fazem a mínima ideia do que estão fazendo. Mas o fazem de qualquer jeito.
E se em comédias parecidas – no sentido de ser baseada na vida real e ser sobre criminosos – como O Golpista do Ano ainda há o fator de que a realidade ultrapassa a arte, o que justifica Jim Carrey pelo seu exagero, aqui se torna difícil acreditar que tudo o que de fato ocorreu sequer foi levemente semelhante ao que vemos no filme, graças as pessoas que vemos.
Dessa forma, as figuras montadas por Zach Galifianakis, Kristen Wiig, Owen Wilson e Jason Sudeikis (e até a simpática Leslie Jones) soltam seus diálogos despropositados e engraçados apenas pelo absurdo, mas não como uma forma de pontuar que apenas tal personagem diria tal coisa, pois isso é aparentemente irrelevante para os propósitos do filme, que é fazer rir apenas pelo absurdo destacado de contexto (como dar um tiro na própria bunda).
Não que eles não estejam bem. Porque estão (como constatei no primeiro parágrafo). Só que estão atuando para o filme errado. O roteiro escrito a seis mãos (que contou ainda com a consultoria de alguns dos envolvidos no roubo de verdade) não consegue se situar nem entre o drama engraçado ou a comédia escrachada. É simplesmente uma história que vai se desenrolando com o tempo suficiente de projeção para que os atores digam suas falas e encenem as situações engraçadas.
Nesse sentido, Gênios do Crime até faz rir, embora não seja hilário. Para chegar nesse nível precisaríamos nos preocupar com seus personagens. Algo que é querer demais quando sequer os entendemos além de seus estereótipos.
“Masterminds” (USA, 2016), escrito por Chris Bowman, Hubbel Palmer, Emily Spivey, Emily Spivey, Chris Bowman, dirigido por Jared Hess, com Kate McKinnon, Kristen Wiig, Jason Sudeikis, Zach Galifianakis, Owen Wilson e Leslie Jones