Henfil Filme

Henfil | Um legando que se confunde com a história do Brasil


[dropcap]H[/dropcap]enfil, de Angela Zoé foi o grande vencedor do Prêmio do Juri do 3° Santos Film Fest. E fica fácil de entender a razão disso depois que você ver esse documentário.

O documentário buscar entender e biografar a vida do cartunista Henfil, e se isso não é suficiente para torna-lo obrigatório, Zoé o faz com uma paixão e entrega que parece encontrar o brilho nos olhos daqueles que, durante o filme, tentam entender quem foi Henfil.

Henfil busca o legado do artista, ao mesmo tempo, procura pela verdade que o cercava e ainda enxerga a surpresa daqueles que estão descobrindo sua importância só agora, como acontece com a jovem equipe de produção de um curta de animação sobre o artista (e que fecha o filme com chave de ouro!).

Mas sobre tudo isso, entender Henfil é entender o Brasil. Uma personalidade complexa, mas que tem sua transparência dita pelas vozes de quem está ao seu redor. Não existem meias verdades, é como se todos conseguissem ler Henfil com a mesma simplicidade e facilidade com que suas tirinhas ganharam o imaginário coletivo de um país envolto nas brumas de um golpe militar.

Henfil foi um dos criadores do Pasquim e lutou contra a opressão através de suas linhas simples e personagens que gritavam sua revolta. E assim como cada um deles parece um reflexo do artista, Henfil, o filme, busca criar esse mosaico de visões e impressões onde o resultado final é um quadro onde Henfil se mistura com a história do Brasil.

E quando Zoé consegue fazer o próprio Henfil falar (em entrevistas na TV, citações de livros e nas tirinhas), o que vem a toda é uma mente privilegiada e com uma visão de mundo que demonstra o quanto ele foi (e ainda é) um dos personagens mais importantes da história do país. Um legado tão grande que escreveu seu nome nessa narrativa real que ditou as regras do Brasil por mais de vinte anos.

Tudo isso em um ritmo fluido e divertido, que nunca se permite cair na tristeza do lado mais trágico do artista (principalmente com sua hemofilia e, posteriormente, AIDS), e sempre optando por celebrar sua incrível personalidade, seus sonhos e lutas.

Henfil, o documentário, acompanha Henfil, o gênio, até sua morte em 1988, que “deu no NY Times”, como ele sempre desejou. Mas, mais do que isso, é um filme que enxerga Henfil como vítima do Brasil, de uma situação sócio-política e da violência de um sistema opressor, mas ao mesmo tempo, é também um filme que encontra o retrato de alguém que fez dessas dificuldades o combustível para uma luta por seu país que até hoje reverbera no Brasil.

Um filme que surge tão obrigatório que abrilhanta ainda mais esse festival de Santos, que pode até estar engatinhando em termos de tempo, mas que já ganha um de seus representantes mais importantes.


“Henfil” (Bra, 2017), escrito por Angela Zoé e Gabriela Javier, dirigido por Angela Zoé


Trailer do filme – Henfil

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