O Herdeiro do Diabo

Herdeiro do Diabo

Diferente de outros momentos em que o “capiroto em pessoa” tentou renascer por meio de um humano, como em Bebê de Rosemary ou A Profecia, esse novo O Herdeiro do Diabo é um momento bem ruim para o anticristo. Por isso, esqueçam os O Herdeiro do Diabo Postersustos, o terror, o sangue e o medo, a única coisa que esse filme consegue provar é que o pessoal lá de cima está com um departamento de Relações Públicas muito melhor que os funcionários do “tinhoso”.

O filme dirigido pela dupla Matt Bettinelli-Opin e Tyler Gillet (que já trabalharam juntos em um punhado de curtas) então, é apenas mais um exemplo de uma estética que Hollywood ainda não percebeu que morreu antes mesmo de voltar à vida (Tudo bem, A Bruxa de Blair fez o que prometia, mas o resto…). O Herdeiro do Diabo é um daqueles exemplos teimosos que não perceberam que não basta mais apenas uma câmera na mão (ou em um sistema de segurança) para que o espectador morra de medo. É preciso uma história minimamente interessante.

De modo estabanado, o mais recente Filha do Mal partiu de uma premissa interessante e escorregou com o material em suas mãos, diferente do bem intencionado e muito melhor desenvolvido O Último Exorcismo, e isso ficando apenas nos exemplos semelhantes envolvendo o “pessoal lá de baixo” e uma câmera subjetiva. E como dessa vez estamos falando do próprio “chifrudo” era de se esperar um pouco mais de boa vontade, e não um filme onde praticamente não acontece nada durante todo tempo e o cinema é “obrigado” a pular de suas poltronas com acordes altos e… e… bom, só acordes altos mesmo.

Pior ainda, O Herdeiro do Diabo aposta em subterfúgios tão furados do gênero que chega a ser tedioso. É lógico que quem vem do inferno adora escuro e noites de lua cheia, mas quem está na terra não aguenta mais protagonistas que preferem ligar o visor noturno da câmera a enfiar o dedo no interruptor e acender a luz. Mesmo público que também já deve estar cansado de gente tomada pelo “sete-peles” que acaba uma hora ou outra “mandando ver” em carne crua. Um esteriótipo bobo e pueril que não ajuda na imagem de nenhum anjo caído (e que demonstra que precisam rápido de um Assessor de Imprensa melhorzinho).

O Herdeiro do Diabo

E falando em esteriótipo, O Herdeiro do Diabo conta a história de um casal recém casado que, de modo pouquíssimo inteligente, em sua Lua de Mel na República Dominicana acaba indo atrás de um taxista completamente desconhecido que os leva, entre um monte de ruelas e gente pouco simpática, para uma festa mais esquisita ainda. Acontece que durante toda essa doideira a esposa é copulada por ninguém mais (ninguém menos) que o próprio “coisa ruim” (na verdade uma luz amarela e um símbolo, mas é ele, pode ter certeza).

No resto do tempo, o que resta é acompanhar a gestação desse “tinhosinho”, que, obviamente (para dar o mínimo de emoção para o filme… o mínimo mesmo, nada mais que isso) aos poucos vai tornando a mãe uma espécie de maluca comedora de carne crua e com poderes telecinéticos. No meio disso tudo ainda surge uma seita que ajuda o pai a não precisar ficar segurando a câmera o tempo todo, já que instalam um sistema completo de vigilância para acompanhar a gravidez do filho de seu mestre (com direito até uma cerimonia em latim no final das contas!).

E falando em câmeras de vigilância, O Herdeiro do Diabo é só isso mesmo: uma mistura aporcalhada de O Bebê de Rosemary com Atividade Paranormal e uma criança hiperativa com uma câmera na mão. Isso e a saudades de um cinema que tratava o cramulhão de modo muito mais respeitoso.


“Devil´s Due” (EUA, 2014), escrito por Lindsay Devlin, escrito por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, com Allison Miller, Zach Gilford, Sam Anderson, Roger Payano e Vanessa Ray.


Trailer do filme O Herdeiro do Diabo

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