Higiene Social | Mais devaneios do que

Higiene Social | Mais devaneios do que “conversa produtiva”


O nome Higiene Social para um filme pós-pandemia pode querer dizer muitas coisas, mas nenhuma delas está no novo filme de Denis Côté (Antologia da Cidade Fantasma). Então o que há para ver? Distanciamento social. Nenhum dos atores está a menos de três metros dos outros, e há no máximo três deles por cenas. E ninguém precisa usar máscara.

Eles também estão em um espaço aberto, o campo, junto de vaquinhas, mato e árvores. Eles poderiam estar no teatro para dizer suas falas e não faria muita diferença do ponto de vista do espectador. Bom, seria um espaço fechado e teríamos que evitar lotação, passar álcool gel, estar de máscara e estar com a carteirinha de vacinação em dia (Você já está pronto para sua quarta dose em 2022?).

Voltando (ou começando) a história, ela trata das tentativas deste homem se livrar de cinco mulheres em sua vida: sua irmã, sua esposa, sua amada, sua vítima de um de seus roubos e sua fiscal do imposto de renda. Haja verbetes para conseguir se salvar!

O homem fala e fala, mas elas não arredam o pé. Todos estão vestidos à moda antiga porque esta história é praticamente atemporal, mas o real motivo é porque o discurso é pomposo, sujeito a inúmeros devaneios. Há mais devaneios do que “conversa produtiva”.

Assim como filme. O protagonista é cineasta e no final comenta que nunca fez nenhum filme. Ele imagina vários, mas não encontrou ainda essa “ponte que liga a vida real ao que ela pode ser” (suas palavras). Esse “poder ser” é a arte do cinema, mas, diabos, voltamos a falar da pandemia, porque agora a vida real é estar enfurnado em casa e o potencial está lá fora.

Basicamente esta é a história, caro leitor. Pessoas conversando no mato sobre ideias aleatórias. Se você assistir como eu trancado no quarto vai se deliciar com o vento que bate nas árvores. Vai poder imaginar, pelo menos. Esse é o poder do cinema. E nessa fase avermelhada das epidemias sociais é o que temos para hoje.


“Social Hygiene” (Can, 2021), escrito e dirigido por Denis Côté, com Maxim Gaudette, Larissa Corriveau e Éléonore Loiselle.


O filme faz parte da cobertura da 45° Mostra de Cinema de São Paulo

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