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Horizonte Profundo: Desastre no Golfo | Um filme sobre vítimas e heróis, mas mais que isso, pessoas


Em 20 de abril de 2010 a plataforma de extração de petróleo Deepwater Horizon explodiu. Durante dois dias o mundo ficou vendo essa chama no meio da costa da Louisiana arder enquanto derramava toneladas e toneladas de óleo e se tornava o maior desastre desse tipo na história dos Estados Unidos. Onze pessoas morreram, 14 ficaram feridas e um punhado se tornaram heróis. E é exatamente aqui que Peter Berg e seu Horizonte Profundo: O Desastre no Golfo está interessado: nessas pessoas.

E se nessa caminhada você ficar sabendo um pouco mais sobre como ocorreu o acidente, quem foram os responsáveis e como era o dia-a-dia dessa plataforma, melhor ainda. Mas não se engane, Berg está mesmo preocupado é com o fator humano dessa história. Uma lição que ele deve ter aprendido muito bem com clássicos do gênero catástrofe como O Destino do Poseidon (o original!) e Titanic.

Mesmo que logo de cara o filme finja se preocupar com ¿os alarmes que não foram acionados¿, ou que a trama nasça de um artigo no New York Times sobre as horas finais da plataforma, Berg e sua dupla de roteiristas (Matthew Michael Carnahan e Matthew Sand) querem mesmo é saber dos heróis da Deepwater Horizon.

Berg então acompanha a chegada desse trio central formado por Mark Wahlberg, Gina Rodrigues e Kurt Russel. Os dois primeiros, funcionários da plataforma, enquanto Russel interpreta Mr. Jimmy, responsável geral e nome forte na hora da equipe (ironicamente) receber um prêmio de segurança no trabalho. É através desses três que a câmera de Berg se aprofunda na vida desses 146 funcionários. Enquanto isso em terra, Kate Hudson, no papel da esposa de Wahlberg, emociona e deve arrancar algumas lágrimas mostrando o lado de quem fica para trás esperando o pior.

É lógico que você não conhecerá 146 personagens, mas não tenha dúvida, sairá do cinema com a impressão de ter se relacionado com no mínimo umas duas dezenas. O que na verdade é o plano ideal para que você, sentado no escuro da sala em sua poltrona confortável, viva aqueles últimos momentos da plataforma e se importe com cada umas daquelas pessoas. Melhor ainda, ao estabelecer um mistério (o dos alarmes), tamanho esforço de humanizar a trama nem por um segundo soa melodramático.

Horizonte Profundo Crítica

Já a presença de John Malkovich como um dos executivos da BP, empresa que ¿aluga¿ a plataforma, muito mais preocupado com atrasos e lucros e nem por um segundo com as pessoas é o fator determinante para que esses 146 se tornem vítimas de uma situação ainda maior e pior. E se por um segundo o mesmo personagem de Malkovich, coberto de óleo momentos depois do começo do desastre, olha para uma bandeira dos Estados Unidos tremulando em meio à fumaça e as chamas, o que se vê é o retrato de um país afogado pela cobiça por esse líquido escuro e pegajoso.

Um olhar que nas mãos, por exemplo, de Michael Bay, se tornaria ufanista e brega, mas nas mãos de Berg tem um significado mais coerente. E a comparação com Bay ainda se estende a um estilo visual que busca quase sempre o mesmo resultado estético, com seus grandes planos abertos, limpos e belos, assim como a proximidade saudável da ação e uma agilidade na hora de acompanhar suas tramas. Em nenhum momento ambos deixam seu espectador sem terem o que acompanhar, a diferença é que Berg (muito mais interessante), deixa essa imagens vivas na tela por mais de um segundo, o que resulta em uma experiência muita mais tensa e não simplesmente acelerada. Como se Berg fosse um Bay sem o uso de toneladas de energéticos (ou coisa pior).

Berg parece ter um carinho diferente com seus filmes, em contar suas histórias, ser didático com sua trama, de deixar tudo claro (como com a lata de coca no começo). De mostrar, no caso de Horizonte Profundo que, ainda que uma plataforma seja ¿milhões de peças móveis¿, quem interessa ali são os poucos que fazem essas peças funcionarem. E sua câmera pula com eles de cima da plataforma em meio às chamas e mergulha no oceano em busca de uma única chance de salvação.

E no final das contas Horizonte Profundo é isso ai mesmo, uma história sobre heróis, sobre sobreviventes e sobre vítimas da cobiça desse capitalismo desenfreado. Sobre um desastre que marcou a história de um país. Mas mais do que tudo isso, Horizonte Profundo é sobre pessoas.


“Deepwater Horizon” (EUA, 2016), escrito por Matthew Michael Carnahan e Matthew Sand, à partir de um artigo de David Rohde e Stephanie Saul, dirigido por Peter Berg, com Mark Wahlberg, Kurt Russel, Gina Rodriguez, John Malkovich e Kate Hudson


Trailer – Horizonte Profundo: Desastre no Golfo

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