Jogos Vorazes: Em Chamas Filme

Jogos Vorazes: Em Chamas | Não importa o que vão falar (inclusive eu!)

Jogos Vorazes: Em Chamas é um daqueles filmes que não permitem críticas, e não só por que esse novo gênero que se criou às voltas de trilogias de livros adolescentes é tão regulado por baixo em termos de cinema, mas também, pois não há dúvida que, além do gasto astronômico em publicidade, todo mundo que viu o primeiro quer mais é ver esse segundo e pouco se lixar para o que alguém (especializado ou não) vá falar.

Mas nem por isso a decisão mais eficiente possa ser ignorar que, sem sombra de dúvida alguma Em Chamas é muito melhor que o primeiro e ainda deixa a esperança que seus dois últimos capítulos (assim como uma certa adaptação envolvendo “vampiros”, o último livro será dividido) sejam até melhores. Nesse caso, que pelo menos ainda deixem de errar nas mesmas coisas que os dois primeiros, o que já será uma vitória maior ainda.

“Deixarão”, por que é inimaginável que o final dessa história possa ter a mesma estrutura dos dois primeiros filmes, uma que se repete e começa com a heroína Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence no piloto automático e nem perto dos momentos que a levaram às cerimônias do Oscar) em uma floresta passeando com seu arco, se declarando para seu amor de infância Gale (Liam Hemsworth, vulgo irmão do Thor), tendo que competir em mais um “Hunger Games”, salvando o coitado do Peeta Mellark (Josh Hutcherson, mais e mais preso ao personagem e sem vida em Hollywood) durante os jogos e, no final das contas, acabando com um baita gancho para o que está por vir.

O problema é que salvo alguns detalhes esse também é o resumo do primeiro filme, o que não é um bom sinal, já que não permite muitas surpresas. Mas, entretanto, esses “detalhes” criam uma história muito mais interessante. Mesmo genérica.

Em Chamas continua acompanhado a história por sobre o ombro de Katniss, que, por sua vez, continua um tanto quanto alienada diante de sua força política desse mundo dentro desses setores que a cercam. Ainda que todos à sua volta já tenham entendido isso. A tal da revolução continua surgindo apenas como um detalhe pela fresta de uma sala de comando, mas nem quando seu “namorado” Gale fala em “se levantar contra o sistema”, a atitude dela é pensar em fugir e não encarnar o símbolo que já se tornou.

E talvez a decisão por minimizar esse entendimento seja da obra original, ou até apenas da dupla de roteiristas Simon Beaufoy (de Quem quer Ser um Milionário e 127 Horas) e Michael Arndt (Pequena Miss Sunshine e Toy Story 3), mas o resultado é quase a criação de uma garota só rebelde. Uma que não sabe ficar com a boca fechada e dá mais um jeito de ofender seus possíveis patrocinadores (assim como no primeiro), só que de modo muito mais sutil.

Jogos Vorazes: Em Chamas Filme

“Sutileza” então é o adjetivo que, com certeza, permeia muito mais Em Chamas do que o primeiro, que se perdia em melodramas bobos, agora substituídos por soluções que ainda soam igualmente bobas, mas funcionam muito melhor. Problemas que passariam por como o estratagema do Presidente Snow para fazê-la voltar a uma dessas arenas, ou ainda por não repetir seus inimigos e situações dentro dela, assim como suas motivações para lutar mais uma vez, três exemplos que são solucionados de modo simplista, mas que se encaixam bem no pouco que o filme se propõe.

Isso mesmo Em Chamas se propõe a pouco, principalmente por que enquanto enrola em toda primeira metade do filme, só quer mesmo é que nessa segunda o espectador se divirta com essa disputa. Dessa vez entre o casal e mais um monte de ex-vencedores, o que permite que o filme saia de um bando de adolescentes psicopatas e se permita criar vilões de verdade e até aliados que valem a pena ficarem vivos, e não estão lá só para virarem estatística (incluído o tal Finnick e seu complexo de Aquaman, com tridente e tudo, mas que deve ganhar mais espaço nos outros dois filmes).

Em um terceiro momento (aquele do gancho para fazer todos voltarem aos cinemas no ano que vem), essa reviravolta que acaba sendo muito bem tramada durante todo o filme, o que lhe dá uma espécie de desculpa por toda enrolação. Uma desculpa que ainda permite que a nova adição ao elenco, Philip Seymour Hoffman (sempre ótimo, mesmo sem fazer absolutamente nada de interessante dessa vez) não se permita um personagem tão descartável assim.

Assim como o resto do filme, que poderia ser resumido em dez minutos antes de colocar esses personagens para se matarem (enquanto são sacaneados pelo “ambiente” da nova arena) e deixar todas as peças montadas para que, o que vier a seguir tente ser minimamente diferente e ainda melhor que os dois primeiros. Lição que, pelo menos 50% dela, “Jogos Vorazes: Em Chamas aprendeu direitinho.


“The Hunger Games: Catching Fire” (EUA, 2013), escrito por Simon Beaufoy, Michael Arndt, a partir do livro de Suzanne Collins, dirigido por Francis Lawrence, com Jennifer Lawrence, Liam Hemsworth, Josh Hutcherson, Woody Harrelson, Donald Sutherland, Elizabeth Banks, Philip Seymour Hoffman, Jeffrey Wright, Jena Malone e Sam Claflin


Trailer do filme Jogos Vorazes: Em Chamas

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