Lift: Roubo nas Alturas | Só mais um filme de roubo

Todo mundo adora um filme de roubo. Um monte de personagens divertidos, ideias surpreendentes, alguém que vai perder um monte de dinheiro (e geralmente merece), um plano dentro do plano que irá ser uma surpresa final e pronto. Só isso é mais que suficiente para fazer a felicidade de muita gente. Lift: Roubo nas Alturas, novo lançamento da Netflix, é só isso mesmo. Com uma ênfase no “só”.

É lógico que ninguém mais espera que saia do gênero algo como 11 Homens e um Segredo, então criar expectativa de encontrar algo diferente dentro dos filmes do tipo seria só chatice mesmo. Mas é preciso ser chato, senão parece que ninguém consegue enxergar problemas em defeitos em nada e todo mundo acaba se perdendo em um sentimento de mesmice e condescendência. Viu como dá para ser chato!

Mas a culpa não é do crítico, é do filme. Dirigido pelo mesmo F. Gary Gray que sabe se divertir dentro do exagero, como em Velozes & Furiosos 8 e o último Homens de Preto, mas também consegue se levar a sério, como e seu Straight Outta Compton, Lift é claramente uma daquelas grandes produções que a Netflix promete todo ano, com Kevin Hart na ponta do elenco e a intenção de mostrar que a marca não é só uma streaming, mas também um estúdio de cinema “sério”. Sim, entre aspas.

A primeira impressão é que há dinheiro demais para ser gasto com absolutamente tudo a não ser um roteiro melhor. O culpado é o mesmo Daniel Kunka que em 2009 escreveu a pérola 12 Rounds, que tentava emplacar John Cena como astro de filmes de ação (não conseguiu e o filme é uma porcaria enorme!). Agora, em Lift a ideia é simplesmente, não ter ideias muito interessantes e jogar tudo em um mesmo lugar. Ou melhor, em vários.

Como é de se esperar em “Grandes Produções da Netflix” o filme vai pulando de país em país para compensar o orçamento gordo. Veneza, Toscana e Bruxelas são sobrevoadas por um drone qualquer, mas não se empolguem, poderia ser facilmente Diadema, Caraguatatuba e Peruíbe que não faria qualquer diferença. A história inteira passa por salas, armazéns e aviões, então fique com a história meia boca como desculpa para alguns poucos momentos de ação para ludibriar o público.

E pior ainda, com um Kevin Hart que faz pouca piada, não grita, tenta ser charmoso e falha desesperadoramente. Ele é Cyrus, o líder de um grupo de ladrões com consciência de classe e um certo amor por cultura/arte. Em um diálogo ridículo e que beira a maluquice, ele tenta provar que roubar obras de arte e vender no mercado ilegal valoriza certas peças. Por um timming completamente errado e “tão 2019”, o filme começa com o roubo de uma NFT, o que faz com que o filme se perca dentro de seu próprio tempo.

Mas esqueça o NFT e eles não valerem mais nada, o que importa é que Cyrus e sua gangue são pegos por uma Unidade de Patrimônio Cultural da Interpol (que é uma ideia esquisita demais para existir… mas existe). Eles então recebem a opção de fazer um “trabalho sujo” para os “policiais”, roubar o carregamento de ouro que um mega-terrorista (Jean Reno) que está levando em um avião para pagar um grupo de hackers que irá lhe dar a possibilidade de controlar umas enchentes pelo mundo. Sim, a ideia de uma Unidade da Patrimônio Cultural da Interpol parecer a CIA fica pequena perto da motivação da trama.

Porém ninguém se importa! Tem um avião, um monte de ouro lá dentro e um plano cheio de detalhes que podem dar errado (mas obviamente não dão). O avião é comercial, então alguns capangas do vilão estão juntos com Cyrus, sua equipe e a agente da Interpol, Abby (Gugu Mbatha-Raw)… que tempo atrás teve um caso de cinco dias com o ladrão protagonista. O filme ainda vem com Vincent D´Onofrio zanzando pelas cenas e contracenando sentado na grande maioria de seu tempo em tela (vulgo cinco cenas… o que é sempre um desperdício).

Mas Lift pelo menos tem dinheiro suficiente para fazer tudo com capricho (menos o roteiro, é claro), então tudo é bonito, com efeitos especiais empolgantes, grandes cenários e um CGI que nem dá para perceber que está lá. Tudo isso para exatamente três cenas de ação que se acham realmente o suficiente para embalar todo resto de diálogos ruins que, em certos momentos, beiram a maluquice em termos de pseudo-ciência e deixam os atores falando qualquer coisa que parece tecnologicamente precisa.

Mas como quem gosta de filmes de assaltos está só esperando aquele flashback que mostrará que o final não aquele que você esperava, por isso, podem ficar até o final aguardando a oportunidade de serem surpreendidos, mesmo sabendo que isso acontecerá.

Já do lado da Netflix, ao que tudo indica, mais uma tentativa de emplacara um filme que não quer ser muito novo, mas se fizer um sucesso qualquer, ganha até uma continuação.


“Lift” (EUA, 2024); escrito por Daniel Kunka; dirigido por F. Gary Gray; com Kevin Hart, Gugu Mbatha-Raw, Sam Worthington, Vicent D´Onofrio, Úrsula Corberó, Billy Magnussen, Yun Jee Kim, Viveik Kalra, Jean Reno, Burn Gorman e Jacob Batalon.


Trailer do Filme – Lift : Roubo nas Alturas

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