Luxemburgo, Luxemburgo | Sem os risos só sobra melancolia

Há algo melancólico em Luxemburgo, Luxemburgo, um filme que deveria ser uma comédia. Ele é engraçado, mas há um ruído ao fundo de tristeza, ou pelo menos de saudade.

Essa saudade está na época que Kolya (Amil Nasirov) e Vasya (Ramil Nasirov), dois irmãos de quase a mesma idade, faziam coisas de meninos juntos. Subiam em trens parados e pulavam assim que ele começasse a se mover. Nessa época o pai da família era alguém importante do mundo do crime. Quando ele precisava ir parar o trem porque um dos filhos ainda estava nele isso era feito com o poder da bala de seu revólver.

Tudo isso não existe mais no tempo presente, que é o que acompanhamos, na fase adulta. Um dos irmãos vende drogas e trabalha como motorista de ônibus, outro segue a carreira de policial, sabotada pela conduta do irmão. A mãe vive em outro casamento e não há notícias do seu pai até então… quando ligam de Luxemburgo, avisando que ele está no hospital em seus últimos dias.

Luxemburgo, Luxemburgo é uma mistura de sentimentos conforme cada novo episódio com os dois irmãos se desenrola. Há uma esperança lá no fim do túnel para ambos, mas, por algum motivo, a redenção demora a chegar. Talvez nunca chegue. Será que eles reviverão a época com o pai com saudosismo ou amargura?

Um ponto que me chamou a atenção no roteiro de Antonio Lukich (que tamém dirige) foi o episódio em que uma senhora é gravemente ferida por causa do irmão motorista. Interpretada por Lyudmyla Sachenko, a atriz é homenageada nos créditos finais, pois não pode se assistir, vindo a falecer depois das filmagens e antes da.

O que chama a atenção é que essa é a parte com a edição mais rica e uma participação maior no filme, além de ser um momento que vira a história do avesso. Isso faz pensar se o roteiro não foi modificado para inchar este momento, pois esse episódio é o único que foge de uma breve passagem para a mudança que irá chegar na conclusão. Mais do que isso, foi um verdadeiro milagre este momento, pois ele chacoalha um filme que estava quase definhando e dando sono.


“Luxembourg, Luxembourg” (Ucr, 2022), escrito e dirigido por Antonio Lukich, com Amil Nasirov, Ramil Nasirov e Lyudmyla Sachenko.


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