Madeira e Água | Crítica do Filme | CinemAqui

Madeira e Água | Há quem goste, há quem durma


Mesmo sem acontecer muita coisa em Madeira e Água, acontece bastante. Isso não quer dizer que você vai ficar muito atento a tudo isso, mas tudo está lá. Tudo bem, talvez não esteja, é preciso forçar a barra um pouquinho e deixar sua imaginação te levar, mas está lá.

Tudo bem lentinho. Olhando para o vazio e tentando enxergar a razão por trás do filme de Jonas Bak ser tão difícil de desvendar. Se o objetivo é tentar fazer com que o espectador possa entrar e sair do filme sem entender onde está, muito disso acaba sendo um sucesso. Mas as respostas estão lá, basta dar uma chance.

O espectador acompanhará essa senhora se aposentando de um trabalho na igreja e indo encontrar o filho que mora em Hong Kong, mas chegando lá, o próprio não está e ela fica por lá, vagando entre leitores do futuro, Tai Chi Chuan e protestos.

Tudo isso ai da sinopse não vem fácil. É espremido através de diálogos jogados meio sem interesse, impressões e boa vontade do espectador. O que é pouco para que seja possível celebrar o esforço narrativo do diretor, que também assina o roteiro e é filho da protagonista, Anke Bak.

Por um lado, isso cria uma sensação de naturalidade, como se nada no filme fosse forçado ou explicado, o que é sempre lisonjeiro para a inteligência de qualquer espectador. O diretor ainda vai montando esse mosaico de impressões e situações, como um observador mesmo. Compartilhando do sentimento da personagem, perdida em um mundo que não é o dela, mas descobrindo mais sobre o filho, sobre esse lugar e sobre ela mesma.

O momento que batiza o filme é de uma delicadeza e sensibilidade incrível, além de divertido e esperto. A jornada da mãe é uma nova vida, agora mais perto de tudo aquilo que talvez ela tenha deixado para trás. O plano final de Hong Kong é o mesmo do inicial mostrando a cidadezinha de onde ela saiu, mas agora com um futuro de possibilidades.

Por outro lado, Madeira e Água é lento, muito lento, um desafio enorme contra seu sono. Tem um ritmo que combina com as intenções de Bak (o diretor), mas isso não tira dele essa sensação de falta de ritmo. O filme demora demais para chegar na trama, depois demora demais para encontrar sua grande lição, por fim, demora demais para chegar em uma conclusão. Há quem goste, há que durma.


“Wood and Water” (Ale, 2021); escrito e dirigido por Jonas Bak; com Anke Bak, Theresa Bak, Alexandra Batten, Edward Chan, Parick Lo e Ricky Yeung


O filme faz parte da cobertura da 45° Mostra de Cinema de São Paulo

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