Mãe X Androides | Crítica do Filme | CinemAqui

Mãe x Androides | Não é ruim, é muito ruim

Não é pegando no pé de que Mãe X Androides é um filme muito ruim, mas… ele é muito ruim. Quem aguenta um filme desses? Olhar pela janela e pensar na vida é bem melhor do que assistir por mais um minuto Chloë Grace Moretz e Algee Smith protagonizando este trash sci-fi travestido de drama.

A introdução acontece bem rápido. O casal descobre que está grávido, nós acabamos de aprender que existem mordomos-robôs neste mundo e… eles se rebelam. E os pombinhos ficam nove meses de bobeira no mato, se escondendo, para nos últimos dias de gravidez tentarem a sorte fugindo para fora de um EUA em guerra contra as máquinas.

O tema com certeza não é novo, e lembra vários bons trabalhos icônicos do cinema. O próprio filme nos faz lembrar através de algumas sutis referências (outras nem tanto). Entre eles Matrix, de onde vem a ideia do pulso eletromagnético para enxotar esses seres eletrônicos. E O Exterminador do Futuro, de onde vem os olhos robóticos esbugalhados que se destacam quando você atira na cara deles. E se você atira na cara de um deles já não terá mais motivos para não atirar de novo.

Mas este não é bem um filme de ação, pois ela ocorre apenas nos momentos iniciais e finais… mal e porcamente, é preciso dizer. O resto da história se trata de uma exploração por esse mundo, aprendendo sua dinâmica, o plano dos pombinhos para sair do país, a organização do pouco exército que ainda resta, os riscos envolvidos nas tomadas de decisão, como está o resto do mundo etc. Há muitas incógnitas, mas você pega a ideia do isolamento causado por um mundo sem internet.

Houve um tempo que a persona de Moretz se encaixava nesse misto de drama e trash. Mesmo na época atuando já há cinco anos no cinema, sua revelação surgiu em grande estilo com Kick-Ass: Quebrando Tudo, e impressionou novamente naquele mesmo ano (2010) por sustentar em boa forma um remake americano do sueco Deixa Ela Entrar. Até sua escalação como Carrie, a Estranha convence parcialmente. A atriz tem um talento nato em se estabelecer exatamente no meio entre esses dois gêneros. É um talento que pode ser bem usado por cineastas que orbitam nesse estilo.

Mãe x Androides | Não é ruim, é muito ruim

Em Mãe x Androides não há sucesso nem no trash, nem no drama, concebendo a personagem de Moretz, a grávida de primeira viagem Georgia, tendo que gerenciar seu desespero em viver este pesadelo mundial e as reflexões se teria feito uma boa escolha em ficar do lado do inexperiente e fraco pai da criança, Sam, o típico sujeito que abandona a mãe antes da gestação terminar, o que justifica as preocupações de Georgia antes e durante o apocalipse androide.

Interpretado por Algee Smith (Detroit em Rebelião), além de ser extremamente parecido com Will Smith, de quem não compartilha nenhum parentesco, ele segue a cartilha deste outro ator, acostumado a viver personagens altruístas e bonzinhos demais pelo simples fato de ser o certo a se fazer. Note que não há nenhum momento que seu caráter é posto à prova, o que nos coloca como apoadores do desânimo e desconfiança da mãe, que não sabe muito bem por que continua dependendo desse cara para se proteger nesse mundo cada vez mais hostil.

Eu gostaria que o filme terminasse em um simples terceiro ato sem mais delongas, mas por motivos que fogem à razão o roteiro de Mattson Tomlin, que também assina a conturbada direção, se acha no direito de colocar uma reviravolta ridícula envolvendo uma armadura risível desde a primeira vez que a vemos até a última, e mais uma segunda reviravolta apelativa logo no final, com o óbvio objetivo de nos fazer chorar. Com isso a técnica de filmes de TV que faz algumas pessoas se emocionarem e saírem recomendando para todo mundo está completa, o que justifica a escalada do filme na audiência.

O preço para nós, cinéfilos habituados a essas fórmulas, é um final inchado e desnecessário, pois até os últimos minutos não estava ainda muito claro qual era o objetivo da história. Nós deveríamos torcer pelo casal? Isso não acontece em filmes ruins. Nesses filmes nós rimos da situação. Mas como rir de um filme com uma trilha sonora de uma nota de piano sozinha insistente e ritmada e uma música soul completamente brega? Faltou entender a alma desse projeto para depois nossa psique interpretar o que vemos na tela como triste ou cômico.


“Mother/Android” (EUA, 2021); escrito e dirigido por Mattson Tomlin; com Chloë Grace Moretz, Algee Smith e Raúl Castillo.


Trailer do Filme – Mães X Androides

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