Mostra Panorama (curtas) – Série 3

Onde A Gente Se Encontra (São Paulo/Br, 2022); dirigido por Talita Virginia

A proposta é discutir a radicalização das opiniões entre a própria diretora do filme e seu pai, um bolsonarista e provável desafeto de toda a Mostra Tiradentes. O resultado são recortes piores do que a realidade que se observa ao vivo e a cores na rede.

Contemporâneo, perde fácil para a simples navegação do espectador pela superfície das redes sociais citadas (nem precisa ir tão fundo). Nesta narrativa fica óbvio que é muito difícil monopolizar o discurso no cinema quando até os canais oficiais de imprensa sofrem para continuar a ter o direito de usar o único chapéu dos que dizem a verdade.


Soberane (Ceará/Br, 2022); dirigido por Wara

Este singelo e competente estudo de personagem brinca por um momento com o jogo de cores em um mundo preto e branco que demonstra potencialidade ainda sem realização. A heroína ainda está decidindo o que será dela neste novo planeta habitável que é Cuba. Ela veio do Brasil. Até que chega uma pandemia e põe tudo a perder. E sentimos a dor de ter que retornar e admitir que a pessoa que terá que voltar é outra. Sensível sem precisar de diálogos expositivos. Potente apenas com sua narrativa visual e um momento de catarse em seu final que impacta em mais de uma camada (o que é muito para um curta).


Todavia Sinto (São Paulo/Br, 2023); dirigido por Evelyn Santos

Sensações de uma gravidez em recortes precisos, mas dramáticos ao ponto de serem irreais.

Foge o espectador deste circo que é montado com muita pressa. Ganha alguma coisa o cinéfilo disposto a novas visões do cotidiano? Não. Apenas uma pausa entre filmes que tentam algo novo.


A Velhice Ilumina o Vento (Mato Grosso, 2022); dirigido por Juliana Segóvia

Este filme foi apresentado pela própria diretora de fotografia como um trabalho que revela o estado de Mato Grosso no panorama cinematográfico nacional, como se revelasse um estado até então renegado. Porém, quando você assiste a projeção não enxerga nada disso.

Se trata de um pedaço de vida que deu muito certo para Valda, uma senhora que na sinopse é chamada de “mulher preta, idosa, periférica, trabalhadora doméstica (…) Mulher forte, cuiabana do pé rachado”. Estou habituado a usar meus estereótipos como ferramenta de escrita, mas nesse caso vou usar essa descrição literal, copiado e colado do site da Mostra de Tiradentes como atestado de inocência.

A história é sobre essa senhora dona de si mesma. Valda adora arrastar o pé no baile, mas, principalmente, ser dona de si mesma. Acaba sendo uma mensagem de esperança não apenas para o seu estereótipo citado, mas para todo ser humano que ouse viver sua própria vida.


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