Motorrad Filme

Motorrad | Esquisitão… e isso é um elogio

Motorrad é esquisito. E isso é algo bom quando o assunto é um “filme de gênero”. Qual gênero especificamente? Bom, como eu disse, Motorrad é esquisito.

Talvez ele tenha alguma coisa de ficção científica meio apocalíptica, principalmente no começo onde esse jovem se esgueira por um ferro velho em busca de um carburador para sua moto, mas acaba tendo que enfrentar um velho com uma espingarda e uma misteriosa moça que entra em uma sala que faz os aparelhos eletrônicos piscarem.
Tudo bem, essa última parte não vem muito ao caso, só lá para o final, mas ela está lá e faz com que Motorrad não seja um simples slasher onde um grupo de motoqueiros entra em uma reserva e precisa enfrentar um quarteto de outros motoqueiros, esses meio fantasmagóricos, que os perseguem.

Chega então a hora de se divertir com o gore e mergulhar no terror, mas sem nunca perder esse clima de horror psicológico com o ronco dos motores tomando todos os lugares e essas figuras surgindo e sumindo dos horizontes e sombras. A moça do ferro velho também está por lá, parecendo sempre saber mais do que aparenta, assim como o protagonista convive com um machucado que não sara e algum tipo de força que o carrega para algum lugar.

Sim, “algum lugar”, já que Motorrad não está muito preocupado em ficar te explicando muita coisa. Talvez isso seja até a pretensão principal do roteiro escrito pelo trio L.G Bayão e L.G. Tubaldini Jr. em parceria com o diretor Vicente Amorim, tudo baseado nos personagens criados pelo quadrinista Danilo Beyruth (a informação é só essa mesma, sem saber se foi uma HQ, série ou apenas design mesmo). Entretanto, em alguns momentos esses “mistérios” parecem simplesmente o resultado de algum tipo de pressão econômica.

Motorrad Crítica

Não é difícil o espectador ficar confuso com o que está acontecendo, com consequências de cenas que não aconteceram e até resultados de relações entre personagens que, simplesmente, não foram mostrados. Talvez, por motivos de orçamento, faltem alguns diálogos ou até momentos que completem essas linhas, ainda que, desse jeito, acabe se tornando (curiosamente) uma experiência desafiadora.

Por outro lado, a direção de Vicente Amorim é interessante e sabe se portar muito bem dentro do gênero, com ângulos esquisitos e um “balanço” incômodo que é bem característico dos terrores modernos, principalmente de todo um lado “independentão” que foge de Hollywood, povoa os cinemas do mundo e atrai a atenção de uma legião de fãs.

E quando o assunto são esses fãs, Motorrad tem o jeitão esquisito que eles adoram. Principalmente, pois não tem medo de se deixar levar por aquelas pretensões de uns parágrafos atrás e mantêm essa esquisitice até o final, mesmo que, para isso tenha que sacrificar boa parte de seu público, que irá sair do cinema só achando que “Motorrad é bem esquisito”.


“Motorrad” (Bra, 2017), escrito por Vicente Amorim, L.G. Bayão e L.G. Tubaldini Jr., dirigido por Vicente Amorim, com Emilio Dantas, Juliana Lohmann, Guilherme Prates, Carla Salle e Pablo Sanábio.


Trailer – Motorrad

Continue navegando no CinemAqui:

DEIXE UM COMENTÁRIO

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Menu