Moxie – Quando as Garotas Vão à Luta | Se a mensagem é maior que a qualidade…


Em alguns momentos no cinema precisamos decidir o que iremos exaltar.  Aquele filme ruinzinho pode ter uma mensagem incrível, o que compensa o esforço técnico, por isso, como estamos acostumados a adorar aqueles filmes vazios, mas com um visual bacana, precisamos sempre dar uma chance para a primeira opção. Que é o caso de Moxie, nova produção da Netflix.

O filme é baseado no livro de Jennifer Mathieu e é o segundo trabalho de direção da comediante Amy Poehler, que, definitivamente, não é um acerto. Mas tudo bem, mesmo nesse lugar mediano e sem muita personalidade, ainda assim consegue passar absolutamente todas mensagem que Moxie necessita para ser um filme imperdível, se não para você, com certeza para aquela garota adolescente ou pré-adolescente que só precisa de um empurrãozinho.

Se bem que você, homem de qualquer idade, podia também ir ver Moxie para ver se aprende alguma coisa.

Na história você acompanha Vivian (Hadley Robinson), uma garota no último ano de colégio antes de ir para a faculdade. Na escola, faz questão de passar despercebida com sua melhor amiga Claudia (Lauren Tsai), até que uma nova aluna, Lucy (Alycia Pascual-Pena), não parece muito a fim de lidar com toda opressão dos alunos da escola sobre as meninas, muito menos com a conivência da diretora vivida por Marcia Gay Harden.

Inspirada pelo passado militante e punk da mãe (Amy Poehler), Vivian então escreve secretamente um zine (se não sabe o que é… devia!) e começa a distribuir em segredo para a escola. A publicação então se torna a cola que precisava para unir todas essas meninas contra as violências que sofrem.

Moxie então faz questão de passar por todas essas agressões do dia a dia que garotas daquela idade passam, todas ela relacionadas a uma sociedade que parece confortável demais com essas questões sem que elas sejam levadas a sério. Moxie (essa personalidade secreta) faz questão de leva-las e isso acaba sendo uma boa lição, tanto para as personagens, quanto para os garotos e homens que ainda têm dificuldade de lidar com o óbvio.

O filme de Poehler é então sobre acordar para o mundo, mas fazendo isso com aquela pitadinha e inconformismo, rebeldia, inteligência emocional e união que só o punk traz consigo. Além, é claro, de uma trilha sonora bacana.

O problema é o resto. A direção de Poehler não faz nada além do necessário para que a história aconteça, isso pode não ser um defeito, mas é um jeito de fazer o filme soar burocrático e visualmente desinteressante. Principalmente, pois Moxie não é um filme com grandes momentos que se fariam sozinhos sem uma presença bem estabelecida de uma diretora mais à vontade, ou pelo menos com mais vontade de criar um filme mais moderno.

O roteiro escrito por Tamara Chestna e Dylan Meyer, ainda que consigam estruturar bem a jornada de descobrimento de Vivian, peca demais no ritmo e se deixa levar por uns atalhos preguiçosos para criar alguns conflitos de meio de filme sem nenhuma inspiração ou construção interessante. As pequenas brigas e desencontros não conseguem nunca o destaque que necessitariam para criar a impressão de que aquilo pode colocar em risco todo esforço do grupo de meninas.

A impressão que fica é de uma lista de coisas que precisam acontecer em comédias/dramas adolescentes, do “desentendimento com a melhor amiga” até a “briga com o namorado”, sem contar, é claro, com o “atrito com a nova amiga que mostra que a velha amiga é importante”. Porém, salientando que o grupo de meninas que se forma ao redor da causa nunca se abala com as celeumas de Vivian, o que demonstra o quanto o filme poderia ganhar muito mais se fosse um pouco mais sobre elas.

Mas mesmo assim, esses tropeços e decisões pouco inspiradas também não minam tanto a força de Moxie e sua vontade de ser pertinente. Seu discurso continua sendo mais importante do que sua qualidade e, mesmo com um final brega de palanque na frente da escola, ainda assim aquelas palavras poderiam estar sendo faladas por qualquer menina de qualquer escola da enorme maioria de colégios do mundo. E quando você tem algo a dizer, como é o caso de Moxie, se levante e fale, só isso já é mais importante do que o cenário ao seu redor ou se é um caixote, um palanque ou um banco de praça. A mensagem vence todos esses detalhes.

Moxie é sobre isso, a mensagem… e um pouco de atitude punk, e com certeza isso já vale!


“Moxie” (EUA, 2021); escrito por Tamara Chestna e Dylan Meyer, a partir do livro de Jennifer Mathieu; dirigido por Amy Poehler; com Hadley Robinson, Lauren Tsai, Alycia Pascual-Pena, Nico Hiraga, Sabrina Haskett, Patrick Scwarzenegger, Amy Poehler, Ike Barinholtz e Marcia Gay Harden


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