Erra feio quem acha que comédias românticas bonitinhas e com o “eu te amo” no final na frente de todo mundo é algo exclusivos para as mulheres. Bom, a enorme maioria pode até ser, mas vez ou outra sempre aparece um exemplar interessante como Namoro ou Liberdade para ser a exceção à regra.
Nele, um trio de melhores amigos resolve que irá permanecer solteiro para “ajudar” um deles, que acabou de ser abandonado pela esposa. Mas é lógico, é só o juramento ser feito para que todos eles acabem se apaixonando, e cada um a seu jeito faça de tudo para tentar continuar no páreo da aposta, ao mesmo tempo que tenta conciliar o novo amor.
Em poucas palavras, o filme do diretor estreante Tom Gormican é uma espécie de “Sex and The City for Guys”. Então espere muitas conversas pelas ruas de Manhattan um número maior ainda de copos de café “para viagem”, três caras simpáticos e bonitões, empregos descolados, casas descoladas, alguns momentos machistas engraçadinhos (assim como a série de Carrie Bradshaw fazia o contrário, ambos sem ofender ninguém) e uma possibilidade enorme de piadas envolvendo penis. E se tudo isso tem mais cara de receita para o lugar comum, o clima é tão despretensioso que ninguém vai nem se sentir incomodado com isso.
Namoro ou Liberdade tem timming para as piadas e situações, constrói bem sua história (ainda que o pretexto da aposta soe frágil) e se diverte acompanhando os três amigos. O protagonista, vivido por Zac Efron (aquele do High School Musical e que ano passado esteve em Obsessão), o recente divorciado vivido por Michael B. Jordan (de Poder sem Limites, e que logo mais deve viver o Tocha Humana) e o (clássico) amalucado interpretado por Milles Teller (de Finalmente 18 e que, curiosamente, estará também no novo Quarteto, como o líder Sr. Fantástico). Três atores simpáticos e que conseguem emprestar qualidade suficiente para carregar o filme.
E um dos acertos é exatamente esse, ainda que Efron fique sob os holofotes em seu romance com Imogen Pots (de Need for Speed) o roteiro, também de Gormican, não deixa ninguém de lado. Cada um dos três está lá para ter sua história contada e isso cria uma dinâmica interessantes e um ritmo que não larga o filme até o final. Uma decisão que surpreende ao não apostar em coadjuvantes engraçadinhos, mas sim nas situações vividas por seus próprios protagonistas, já que cada um tem seu momento de alívio cômico para algum dos outros dois.
Isso tudo em um estrutura que beneficia quem está acostumado com os cansados modelos do gênero, já que parece preocupada em, ao mesmo tempo acompanhar os arcos dos três, procurar aquelas semelhanças engraçadas ou momentos dramáticos que pontuam cada um deles, tudo em uma espécie de montagem paralela que dá um ótima unidade ao filme. É lógico, sem picotar demais a linha principal, com Efron, mas nem de longe deixando transparecer a impressão de que o filme é só dele. E não verdade não é, assim como Sex and The City não era só de Sarah Jessica Parker.
Um exemplo simples de como o gênero as vezes pode sobreviver sem muito esforço, e ainda assim contar com uma história divertida, romântica, bonitinha e com o “eu te amo” derradeiro. Já que todo mundo sabe que o necessário para que uma boa comédia romântica dê certo é só isso mesmo, um “eu te amo” no final para ser seguido de alguns suspiros apaixonados.
“That Awkward Moment” (EUA, 2014), escrito e dirigido por Tom Gormican, com Zac Efron, Michael B. Jordan, Miler Teller, Imogen Poots, Mackenzie Davis e Jessica Lucas.