[dropcap]P[/dropcap]oder Sem Limites não começa com um aviso de “fitas achadas”, ou que aquilo tudo é baseado em um caso real, ele apenas começa com uma câmera e decide contar essa história por meio desse ponto de vista eletrônico. E é ai que ele ganha seu espectador, principalmente aquele já cansado de ver “remakes” de A Bruxa de Blair em gêneros diferentes.
Na verdade, Poder Sem Limites nem tenta ser simples, custou aproximadamente doze milhões de dólares, é repleto de efeitos especiais, pessoas voando, personagens com poderes etc., tudo que um filme de super-herói precisa para funcionar. A diferença aqui é, justamente, a câmera na mão.
Provavelmente essa até tenha sido o ponto de partida que moveu a dupla Josh Trank e Max Landis (esse, filho daquele mesmo John Landis diretor de Lobisomem Americano em Londres): colocar esse filme de super-heróis sob a ótica desse mundo moderno onde não se precisa mais ter desculpas para filmar tudo que vê pela frente com celulares, câmeras e qualquer outra coisa que capte imagens.
Nele, três jovens acabam encontrando uma espécie de pedra de origem aparentemente alienígena que, aos poucos, vai lhes dando poderes.
Bom… é só isso mesmo, já que na maioria do tempo a ideia é descobrir esses poderes, usá-los de modo irresponsável, se divertir com isso e, lá no fundo (lá no fundo mesmo!) ver um dos três jovens se tornar um vilão clássico de história em quadrinhos, o mesmo que, na maioria do tempo, segura a câmera. Poder Sem Limites então acaba sendo sobre a gênese desse vilão e suas motivações.
Para isso, Landis e Trank (ambos responsáveis pelo roteiro) não economizam nenhum tipo de clichê preguiçoso, com pai alcoólatra, mãe doente, bullying e demais esquisitices que formam qualquer jovem loser nas high-schools americanas. Nas outras duas pontas desse triangulo, um primo descolado e inteligente e um jovem negro popular e rico. Em outras palavras, não se surpreendam com uma quase ausência de personalidade dos outros dois, o que, durante todo “tempo de diversão” pouco incomoda, mas que faz ser difícil se empolgar quando os dois personagens acabam ganhando mais importância na parte final do filme.
Mas talvez o grande objetivo da dupla seja mesmo o de dar ao filme a esse vilão e, principalmente, a seu público, esses efeitos especiais poucos usuais e que, talvez seja o maior acerto do filme. Landis e Trank (principalmente o último, que assina a direção) parecem sempre prontos a entregar esse mundo real ao trio de jovens com super-poderes, o que dá um tom divertido a todo modo documental das imagens e chamará a atenção do espectador pouco acostumado a ver esse tipo de concepção visual em conjunto com esse tipo de proposta.
E toda essa “personalidade” funciona melhor ainda já que Trank não se mostra refém disso, se permitindo trocar de ponto de vista, tanto pela ótica de outros personagens e até adquirindo para si as imagens de algumas câmeras de segurança, o que funciona, principalmente, na sequência final onde essa profusão de imagens é a única opção para criar um ritmo confortável para um filme de ação que Poder Sem Limites é. Essa percepção do material que tem em mãos, é que facilita o trabalho de Elliot Greenberg (que teve um problema semelhante em Demônio, já que não tinha tantas opções de ângulos) e até possibilita que, no meio de tudo isso, até um punhado de “planos normais” sejam encaixados nesse último momento do filme, sem que atrapalhem toda ideia visual do filme.
E é essa ideia bacana que, por exemplo, não deixará que ninguém perceba o verdadeiro “samba do criolo doido” narrativo que Poder Sem Limites se torna, já que, como o próprio nome diz, talvez aqueles poderes não tenham limite, ou talvez tenham, já que, quando convém, todos três parecem invulneráveis, mas assim que aquele fiozinho de sangue no canto da boca, ou o hematoma na testa parecem na cena, não há vulnerabilidade que os impeça. Assim como acaba confuso demais na hora de tentar “descobrir” em que situações eles poderiam morrer (e em umas das mortes é difícil até entender como ela acontece).
Mas enfim, Poder Sem Limites é divertido e eficiente quando quer ser essa espécie de “graphic novel” que poderia ser lançada no mercado por qualquer editora de quadrinhos, que conta uma história simples, objetiva e que é bem construída ao redor dessas sequências que impressionam, como quando os três voam entre as nuvens. Mas tudo isso sem nunca ter a pretensão de ser mais que um simpático filme sobre super-heróis adolescentes.
Chronicle (RU/EUA, 2012) escrito por Josh Trank e Max Landis, dirigido por Josh Trank, com Dan DeHaan, Alex Russel, Michael B. Jordan e Ashley Hinshaw.
4 Comentários. Deixe novo
Olá! na verdade esse filme nos mostra que o poder sobre o controle é nada e que o poder sob controle é tudo. Nos faz refletir sobre o que vc faria e tornaria se realmente ganhasse poderes sobre humanos e até que ponto você os usaria se para o bem ou mal.Na verdade pode ser refletido de várias formas em nosso cotidiano…basta pensar um pouquinho só…é um bom filme e vale à pena conferir “PODER SEM LIMITES”.abraços.
esse filme e um lixo!!! o roteiro é pessimo, historia sem fundamento, efeitos ruins, não conheço ninguem que tenha gostado
Ops! arrumado Luciano… é um pouco mais que 12 mil mesmo… alguns zeros a mais…
12 mil dólares? caraca foi barato mesmo!!! 😛 kkkkk 🙂