O Hobbit 2: A Desolação de Smaug

Talvez seja mesmo chover no molhada repetir mais uma vez que o maior problema tanto desse O Hobbit: A Desolação de Smaug, quanto do primeiro (e muito provavelmente do seguinte) seja muito pouco material original para muito filme. Mas também seria O-Hobbit-A-Desolação-de-Smaug-posterimpossível falar dessa volta de Peter Jackson à Terra Média (Depois da Trilogia do Anel) e ignorar o mesmo, que é o maior vilão dessa história.

Isso mesmo, nada de Sauron, Saruman, Necromancer, Smaug ou qualquer Orc sem braço, quem mais atrapalha essa comitiva de anões (e um Hobbit) é o próprio Jackson e uma espécie de megalomania artística. O curioso é que sua principal arma é, justamente, aquela que mais lhe tornou o herói de tantos enquanto levava Frodo e seu Um Anel até a Montanha da Perdição: seu poder de síntese.

Não é exagero nenhum dizer que a parte do meio dessa superinflada trilogia é ainda mais prolixa e desgastante que o primeiro (e muito provavelmente mais ainda que o terceiro filme). E o que é algo surpreendente, já que seria extremamente fácil embrulhar esse segundo momento em um monte de ação, continuar com o visual espetacular e simplesmente fazer todos saírem do cinema afoitos pela última parte. O que, felizmente até acontece, mas muito por que todos querem saber o final da fatídica cena do que por estarem empolgados com isso.

E isso acontece por, por cima disso, por mais que todos gritem aos quatro cantos que três filmes são um exagero (e é), A Desolação de Smaug se encaixa perfeitamente dentro da história, com o grupo de anões (e um Hobbit) chegando ao último desafio antes de seu destino final e com o filme acabando, justamente, em um momento chave e dramático. O problema é isso poderia ser facilmente resumido em bom filme de 120 minutos (sendo otimista) e não uma cansativa história com quarenta minutos além disso.

E isso não é exagero (nem papo chato de crítico de cinema!), Jackson (e sua esposa Fran Walsh, em parceria com Philippa Boyens e Guillermo Del Toro) infla o roteiro com um começo que não leva a lugar nenhum (o Flashback poderia se transformar facilmente em um conversa entre os dois personagens enquanto andam pela Terra Média) e que só ganha ritmo quando entram na Floresta e encaram o último desafio antes de seu destino final. Isso e ainda um terceiro ato que mais enrola do que qualquer coisa, corado com um confronto com o dragão Smaug que demora demais e não chega a lugar nenhum a não ser aquele que poderia ter ido bons minutos antes e sem nem ao menos o embate entre ele e os anões.

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Enquanto isso o espectador ainda é obrigado a aguentar uma série de subtramas sem o menor interesse, envolvendo não só o mago Gandalf, como ainda um pobre triângulo amoroso envolvendo um dos anões, uma elfa e até um velho conhecido e posterior integrante da famosa Comitiva do Anel, e que seria muito melhor se tivesse ficado só por lá mesmo. Dois arcos inteiros que se fossem tirados do filme (assim como grande parte do que acontece na Cidade do Lago) não fariam a menor diferença e, ainda por cima, ficariam ótimos em um Director´s Cut do Blu-Ray.

É verdade que, em contrapartida, espremido entre esses dois momentos, toda sequencia em que os anões (e o Hobbit) enfrentam as aranhas, dão de cara com os elfos e fogem de seus captores é um deleite. Divertida, bem construída, com uma fluidez incrível e uma impressão que o Peter Jackson dos três “Senhor dos Anéis” ainda está lá, escondido em algum lugar por baixo do mar de dinheiro (alguém enxergou o Smaug) que o levou a dividir o livro em três ao invés de produzir um grande e inesquecível filme único. Mas enfim, agora é esperar pelo terceiro e derradeiro filme e torcer para que o diretor volte a contar uma história como ela devia ser contada.


The Hobbit: The Desolation of Smaug(EUA, 2013) escrito por Fran Walsh, Phillipa Boyes, Peter Jackson, Guillermo Del toro e JRR Tolkien (livro), dirigido por Peter Jackson, com Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Evangeline Lilly, Orlando Bloom, Benedict Cumberbatch (voz), Luke Evans e Stephen Fry


Trailer do filme O Hobbit 2: A Desolação de Smaug

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